O resultado do PT na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte continua ecoando dentro do partido e provocando troca de farpas entre os políticos. O deputado federal Rogério Correia (PT), que obteve 4,37% dos votos no pleito deste ano, ficando em sexto lugar, acusa colegas de partido, como o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), de não o terem apoiado, o que configuraria, nas palavras de Rogério, “infidelidade partidária”.

Reginaldo Lopes, segundo o então candidato petista, teria apoiado o prefeito Fuad Noman (PSD) desde a primeira etapa do pleito. No segundo turno, Rogério também embarcou na campanha a favor do atual chefe do Executivo. “No caso, o Reginaldo apoiou o Fuad desde o primeiro turno (em BH). Isso é infidelidade partidária”, declara Rogério. 

Ele lembrou que situação semelhante aconteceu em Viçosa, na Zona da Mata, em que o correligionário também teria apoiado um candidato (Raimundo Violeira, do PSD), concorrente do nome do PT (Sávio José) no município.

Mas não é só Reginaldo Lopes que é alvo de críticas de Rogério Correia, que afirma ainda que, durante a campanha, também não teve apoio de Cristiano Silveira, presidente estadual do PT em Minas Gerais. “Não ajudaram em nada, infelizmente é essa a realidade”, afirmou Rogério. O ex-candidato na capital mineira recebeu R$ 8,1 milhões de recursos da direção nacional de seu partido para as eleições deste ano.

Ainda sobre a disputa, o deputado federal ressalta que, caso o PT não tivesse lançado a candidatura dele, tese defendida por parte do partido, não haveria sucesso na eleição da bancada de vereadores – foram quatro eleitos em BH. As consequências da suposta infidelidade partidária devem ser discutidas em um evento do PT no começo de dezembro, informa Rogério. Apesar de citar Reginaldo, Rogério diz não querer “fulanizar” o debate durante o encontro.

Procurado, Reginaldo não quis se pronunciar. Já Cristiano Silveira criticou a postura de Rogério Correia e disse que ele deveria “procurar terapia” para esquecer Reginaldo. “O Rogério está obcecado com o Reginaldo. Tem que fazer uma terapia para desencarnar isso. O Reginaldo tinha a opinião já no primeiro turno de que o PT deveria apoiar o Fuad, mas não me lembro de nenhum posicionamento público do Reginaldo a favor do Fuad ainda no primeiro turno”, declarou Silveira.

Ainda segundo o presidente estadual do PT, Rogério não conseguiu atingir o objetivo pessoal de bater a votação de Reginaldo, que teve 7,27% dos votos válidos na eleição municipal em Belo Horizonte de 2016, mesmo com Lula no governo federal – tática bastante explorada pela campanha petista na capital neste ano. “O Brasil está com muito assunto para um deputado federal ficar tentando criar uma crise interna no partido”, reiterou Silveira.

Sobre as acusações de que o candidato derrotado do PT não teria tido apoio da executiva estadual, Silveira rebate: “Na política tem um ditado que diz assim: ‘quando eu ganho a eleição é porque eu sou bom, sou f***. Quando eu perco a culpa é de alguém’. Não teve nada que tenha sido requisitado à executiva estadual que não foi atendido”, concluiu Silveira.