O procurador-geral do município de Belo Horizonte, Hércules Guerra, enviou mensagem aos colegas, nesta terça-feira (5/8), informando que irá deixar o cargo. Com mais de 30 anos de experiência na Procuradoria, Guerra integrava o “núcleo duro” da gestão Fuad Noman e teve papel importante durante os períodos de internação do ex-prefeito. Ele era um dos últimos remanescentes do grupo no governo de Álvaro Damião (União).
A expectativa é que Guerra deixe oficialmente a chefia da Procuradoria-Geral do Município na próxima semana, cargo que ocupava desde 2022. Em mensagem enviada a colegas da pasta, ele se despediu, agradeceu pela convivência, relembrou sua trajetória na prefeitura e disse que deve deixar o cargo no próximo fim de semana.
Segundo interlocutores da prefeitura, a decisão de substituição teria partido do próprio prefeito, que teria comunicado diretamente a Guerra sobre a mudança. A reportagem tentou contato com a prefeitura, mas não obteve resposta até o momento.
Desde que assumiu o comando da capital, em abril deste ano, após o falecimento de Fuad em decorrência de um câncer, Álvaro Damião tem procurado equilibrar a continuidade de projetos da gestão anterior com a consolidação de sua própria marca à frente do Executivo municipal.
Nova era
A saída do procurador marca o fim da participação do chamado “núcleo duro” de Fuad Noman na atual gestão. Já deixaram seus cargos o ex-chefe de gabinete Daniel Messias, que pediu exoneração em abril; o então secretário de Relações Institucionais, Paulo Lamac, exonerado em maio; e o ex-secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Josué Valadão, afastado em 2 de abril — ainda antes da posse oficial de Damião. Com a saída de Guerra, o único remanescente é o secretário-geral da prefeitura, Jorge Luiz Schmitt Prym, que segue no cargo.
Hércules Guerra era considerado um dos colaboradores mais próximos de Fuad. Em dezembro de 2024, durante uma das internações do então prefeito, coube a ele assinar despachos e ordens administrativas para garantir a continuidade da gestão em meio à ausência do chefe do Executivo.
Mas a proximidade com o prefeito também teve custos altos. Nos embates de Fuad com os vereadores, durante momentos de crise na relação entre a prefeitura e o legislativo da capital - protagonizados pelo prefeito e pelo ex-presidente da Câmara, Gabriel Azevedo - Hércules Guerra virou alvo preferencial. Ele foi chamado a dar explicações em diversas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), entre elas a da Pampulha, que investigava contratos de limpeza da lagoa; do “Abuso de Poder”, que investigava a suspensão de cobranças tributárias do ex-prefeito Alexandre Kalil; e também na CPI sobre contratos de ônibus.