Há quase dois meses, o secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Minas Gerais, Germano Vieira, comunicou ao governador Romeu Zema (Novo) que deixaria o cargo para seguir carreira na iniciativa privada. No entanto, até hoje ele permanece no posto e, segundo informações de bastidores, há uma pressão de setores da área para que ele permaneça no comando da pasta. Pessoas próximas ao secretário revelam que essa possibilidade não é descartada.
Em 14 de maio, Germano enviou uma nota para a imprensa informando que que optou por desligar das atividades no Estado por vontade de se dedicar a novos desafios. Ele ainda havia dito que ficaria à frente da pasta pelo tempo que fosse necessário, até que o governador decida por um substituto: “Como em todo ciclo, o meu chega ao fim. Quero me dedicar a novos desafios. Comandarei a transição para que ela ocorra de forma harmoniosa, sem que haja qualquer tipo de perda para o Estado”.
De lá até hoje, nomes foram especulados, mas nada mudou. A coluna conversou com interlocutores da administração estadual que contaram que Zema não encontrou um nome que conte com apoio da maioria dos representantes dos setores do meio ambiente do Estado. Eles têm pedido, inclusive, a permanência de Germano no cargo. A tese é também de interesse de servidores da pasta. “O governador pode convencê-lo a permanecer. E do jeito que as coisas estão caminhando, não duvido que ele permaneça”, disse uma fonte do Estado.
Questionada sobre o motivo da demora na transição, a assessoria de imprensa da Semad atribuiu esse delay à pandemia do novo coronavírus: “Tendo em vista a crise de saúde pública, ocasionado pela pandemia do coronavírus, e a proximidade do pico da doença, o secretário Germano Vieira, a pedido do governo de Minas, decidiu permanecer no cargo até que a situação se normalize”. Até essa sexta-feira (10), o Executivo confirmou 70.086 casos da Covid-19 e registrou 1.504 óbitos.
Germano foi o único membro do primeiro escalão do Estado remanescente da gestão de Fernando Pimentel (PT). À frente da pasta, teve que lidar com uma das maiores tragédias do país: o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, que resultou no encontro de 259 mortos e ainda hoje 11 pessoas continuam desaparecidas. Servidor de carreira, ele começou na pasta ainda em 2012, e alcançou cargos de confiança no governo de Alberto Pinto Coelho (2014-2015).
Especulações
O secretário havia indicado o nome da diretora geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Carvalho de Melo, para sucedê-lo, uma vez que conta com a simpatia do chefe do Executivo e com os servidores da pasta. Outro nome cotado, mas que subiu no telhado, foi do atual diretor-geral da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado (Arsae-MG), Antônio Claret. Ele permanece na chefia da estatal.