Não foi somente a dívida do Estado que esteve na pauta do governador Romeu Zema (Novo) com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles também discutiram a sucessão no Estado. De acordo com fontes de O TEMPO em Brasília, uma reunião política levou para a mesma mesa, além de Bolsonaro e Zema, o secretário de Estado de Governo, Igor Eto, o deputado federal Marcelo Aro (PP) e os ministros da Defesa, Braga Netto, e das Comunicações, Fábio Faria.

O presidente abriu a reunião falando da necessidade de composição em Minas, mas não teria recebido bem a proposta de Zema, que apresentou a ele uma sugestão de apoio sem coligação formal. O governador teria confirmado o desejo de indicar o jornalista Eduardo Costa como o seu vice e o deputado estadual Marcelo Aro para ser o candidato ao Senado.

O secretário de Governo, Igor Eto, teria dito no encontro que o Novo vai ter candidato próprio a presidente e, por isso, não poderia assumir compromissos formais nem ceder espaço de palanque. O acordo com Bolsonaro, entretanto, seria garantido pelo governador em encontros e eventos da campanha.

Por outro lado, o PL não reagiu bem. O partido do presidente não abre mão de indicar pelo menos um nome na chapa de Zema. Esse nome poderia ser o do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio. Os bolsonaristas também veem com bons olhos a indicação de Bilac Pinto, do União Brasil, para a vaga de candidato a vice-governador.

Vale ressaltar que, se o PL de Minas não for atendido com a vaga ao Senado e a retirada de Marcelo Aro dos planos, poderá lançar candidatura avulsa ao Senado de Marcelo Álvaro Antônio.

Depois de todas as propostas colocadas, Bolsonaro e Zema se reuniram de portas fechadas e a sós. Essa segunda reunião teria ocorrido para que Bolsonaro manifestasse seu desconforto com a indicação de Marcelo Aro. Segundo pessoas ligadas ao presidente, um dossiê, contendo suspeitas de agressão cometida contra mulher por parte de Aro, foi entregue a Braga Netto.

Para bolsonaristas, ter ao lado alguém que pode ter cometido agressão contra uma mulher é muito ruim, pois o eleitorado feminino já tem uma rejeição maior ao nome do presidente. Com isso, as definições foram mais uma vez adiadas.

Pessoas próximas do presidente afirmam que Bolsonaro demonstrou desânimo após o encontro, citando a postura do Novo e de Zema e sua equipe, considerada intransigente.

Cemig em troca de jornalista? PSDB nega

De acordo com lideranças políticas que participaram do encontro entre Bolsonaro e Zema, a federação formada por PSDB e Cidadania liberaria Eduardo Costa para ser vice de Zema em troca do comando da Cemig, o que já estaria sendo aceito pelo Novo. Na comitiva de Zema, se dava como 90% confirmado o acordo para ter Costa como vice, mas isso parece que não vai caminhar.

É bom lembrar que, caso o PSDB não seja contemplado, o jornalista não pode se candidatar, pois ele está filiado ao Cidadania, partido que, nacionalmente, está federado aos tucanos.

Nesta terça-feira uma nova reunião deve juntar oito partidos que pretendem reforçar a ideia de indicar para Zema os deputados Bilac Pinto, para a vaga de vice, e de Marcelo Álvaro Antônio, para a vaga ao Senado. Caso a proposta não seja aceita, esses mesmos partidos podem tomar a decisão de não caminhar com o governador, inclusive liberando seus filiados para escolhas próprias.

Em contato com o Aparte, Marcus Pestana, atual candidato do PSDB ao governo de Minas, afirmou que a informação sobre o comando da Cemig em troca da vaga de vice é uma “mentira deslavada e absurda”.