Um eventual apoio do PSB à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto em 2022 divide mandatários locais. Ainda que o presidente do PSB, Carlos Siqueira, negocie uma composição majoritária com os petistas, há socialistas que defendem outras alternativas para as eleições presidenciais, desde o apoio a uma hipotética terceira via até uma candidatura própria. Atritos passados entre ambas as legendas ainda ressoam no PSB.
Conforme o jornal “O Globo”, Siqueira e Lula reuniram-se em 5 de outubro para discutir eventual apoio em 2022. Entretanto, como contrapartida, o presidente do PSB teria exigido ao petista apoio aos candidatos aos governos de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Acre, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em 2018, por exemplo, após acordo, o PSB declarou neutralidade no primeiro turno diante das candidaturas de Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). O Aparte tentou contato com a Executiva nacional do PSB, mas sem sucesso.
>Questionado sobre as tratativas, o presidente do diretório estadual do PSB, deputado federal Vilson da Fetaemg, por meio de assessoria, preferiu não comentar, alegando que “será uma decisão tomada pelos diretórios nacionais do PSB e do PT”. Em Minas, conforme apurou o Aparte, haveria uma divisão. Ao passo que uns defendem apoio a Ciro, outros sustentam apoio a Lula.
Há ainda aqueles que argumentam por outra alternativa. “Eu, por exemplo, defendo uma candidatura própria. O PSB tem quadros de relevância nacional, como o deputado federal Alessandro Molon e o Márcio França, que já se dispôs a concorrer”, admite o vice-presidente, deputado estadual Professor Cleiton.
Ele ainda faz referência a uma candidatura “outsider”. “Como seria a de Joaquim Barbosa, em 2018, caso não tivesse desistido. O PSB chegou a convidar a empresária Luiza Helena Trajano para se filiar ao partido”, complementa. Cleiton explica que há uma mágoa muito grande em relação ao PT devido ao descumprimento do apoio à candidatura de Eduardo Gomes em 2014. “Pelo menos em primeiro turno, eu descartaria apoio a algum candidato, porque criaria uma amarra, o partido perderia independência”, defende.
Embora também reivindique por independência, o deputado federal Júlio Delgado, por exemplo, aponta para um eventual apoio a uma terceira via. “Defendo a unificação dos (candidatos) que estão mais centralizados, que têm um pouco mais de apelo para ser terceira via, como o governador Eduardo Leite (PSDB), o senador Rodrigo Pacheco (DEM) e a senadora Simone Tebet (MDB)”, afirma. De acordo com Júlio, uma terceira via reunificaria o país. “Nem Lula muito menos Bolsonaro têm capacidade para distensionar essa corda. Se me couber um papel interno, mesmo como dissidente, vou trabalhar para consumar essa via”, disse.
O deputado federal aponta que muitas pessoas teriam ido para o PSB para já consumar durante o primeiro turno o apoio a Lula. “Eu preferia ter uma outra opção para fugirmos da polarização entre Bolsonaro e Lula.”, pontua. Questionado se os nomes apontados seriam do deputado federal Marcelo Freixo e do governador do Maranhão, Flávio Dino, Júlio confirmou. “São dois excelentes quadros. A vinda deles foi unanimidade, uma aceitação tremenda. Mas a gente não pode, em função deles, tomar uma alternativa que não seja ir mais longe ainda.”
Outros quadros do PSB estão mais à margem da discussão de eventual apoio a Lula. O deputado federal Emidinho Madeira, por exemplo, conforme apurou o Aparte, pode deixar o partido. Emidinho foi até São Roque de Minas, na região Centro-Oeste, para acompanhar a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta segunda-feira (18) em meio ao lançamento do programa Jornada das Águas. Questionado, o deputado, por meio de assessoria, afirmou que é da região e tinha agenda em Piumhi, próximo a São Roque de Minas. A respeito das negociações entre PSB e PT, Emidinho preferiu não se manifestar.