O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda (MDB), colocará à prova em 2022 o capital político conquistado à frente do movimento municipalista. O ex-prefeito de Moema, na região Central, já recebeu três convites para viabilizar a candidatura ao Senado. A saída do MDB é uma opção para Julvan, já que o planejamento do partido, ao menos a princípio, envolve apenas uma eventual disputa pelo governo de Minas.
Julvan confirmou as conversas com outras legendas. “Tenho o convite de alguns partidos, como o Avante, o DEM e o Solidariedade. Estou estudando para qual partido vou”, disse. “Eu sou pré-candidato ao Senado. Houve um movimento de fora para dentro. Alguns prefeitos conversaram comigo para me apoiar. Ainda não havia me decidido, mas, agora, me decidi. Sou pré-candidato”, afirmou. Julvan lidera o movimento municipalista de Minas desde 2017. O atual mandato como presidente da AMM é válido até 2023. Ele também é o primeiro vice-presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
O presidente do diretório estadual do Solidariedade, deputado federal Zé Silva, confirmou o convite. “Já tem algum tempo que conversamos. O Julvan é uma importante liderança municipalista”, pontua. “As minhas palavras exatamente foram: ‘Vamos lá, você tem espaço para ser candidato ao que achar que precisa, ao que achar que é um projeto interessante’. Desde que se alinhe às bandeiras do partido”. O segundo secretário do diretório do Avante, Claudiney Dulim, vereador de Belo Horizonte, também assumiu os diálogos. “Realmente há uma conversa com o Julvan. O partido recebeu bem essa possibilidade. Mas é só conversa ainda. Não tem nada encaminhado”, disse. Os dirigentes do DEM não tinham respondido ao Aparte até o fechamento da edição.
Julvan, inclusive, ocupa o cargo comissionado de assistente parlamentar sênior no gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, presidente do diretório estadual do DEM.
Julvan, inclusive, foi apontado pelo presidente da executiva do MDB de Minas, deputado Newton Cardoso Jr., como um dos potenciais candidatos do partido ao Palácio Tiradentes. Ao Aparte, ele reforça a projeção. “Quando coloco o nome do Julvan é porque ele mesmo me autorizou que o colocasse como pré-candidato ao governo de Minas. Foi uma conversa nossa, particular”, disse. Além do presidente da AMM, o próprio deputado e o secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Adalclever Lopes, seriam os demais pré-candidatos.
Newton Cardoso Jr. admitiu que tem conhecimento dos convites de outros partidos a Julvan. “Já conversamos muito sobre isso, mas também já explicamos para o Julvan: ‘Filho feio não tem pai. Filho bonito tem’. O Julvan é hoje uma personalidade política de Minas forjada no MDB. O pai dele, inclusive, também foi prefeito de Moema pelo MDB. O Julvan se fez presidente da AMM com uma atuação explícita minha e do ex-governador Newton Cardoso. Agora, todo mundo o quer”, disse.
Newton Cardoso Jr. reforçou, por outro lado, a importância do presidente da AMM para o partido. “O sentimento dele é que seria mais apropriada uma disputa ao Senado. Mas ele mesmo já colocou que é um homem de desafios. Se a candidatura (para o Governo) for para mostrar a força do MDB no Estado, ele está pronto para isso.” Julvan pontua que a pré-candidatura ao Palácio Tiradentes é o que quer o MDB. “O partido está falando isso. É a fala do partido. Posso dizer que fico feliz em saber que o meu nome é colocado como pré-candidato”, disse.
Em 2018, o MDB encabeçou chapa na disputa do Governo de Minas. Adalclever, então presidente da Assembleia Legislativa (ALMG), liderou a coligação com PDT, Podemos, PROS, Republicanos e PV. A candidatura de Adalclever foi considerada “de sacrifício”, já que, à época, o diretório do MDB, então presidido por Toninho Andrade, foi destituído meses antes das eleições em movimento liderado pelas bancadas federal e estadual do partido.
Como já detalhou o Aparte, o diretório estadual do MDB é dividido entre duas alas. A ligada ao presidente Newton Cardoso Jr., defensora de uma candidatura própria ao governo, e aquela ligada a Adalclever, fiadora de uma composição com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), caso, de fato, ele confirme a candidatura ao Palácio Tiradentes. Há ainda vozes dissonantes que não descartam um eventual apoio à reeleição de Romeu Zema (Novo).