Coletiva de Imprensa

MP explica desdobramentos da operação que apura desvios no Bolsa Moradia

Segundo promotores, cumpriu-se 31 mandatos de busca e apreensão, quatro mandados de prisão

Por Angel Drumond
Publicado em 28 de outubro de 2020 | 18:24
 
 
 
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O ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação da Prefeitura de Contagem e candidato ao comando da cidade nas eleições deste ano, Ivayr Soalheiro (PDT), é um dos investigados da operação "Aluga-se", deflagrada ontem pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que apura desvio de recursos do programa Bolsa Moradia. Ivayr nega as acusações.

Segundo a investigação, um ex-diretor do Bolsa Moradia utilizou do seu acesso ao sistema exclusivo para pagamento do benefício, para desviar recursos para o próprio filho adolescente e para empresas que trabalham com a venda de materiais de construção, além de enviar dinheiro para uma entidade beneficente na qual ele ocupava o cargo de presidente.

De acordo com o MPMG, o acusado atuou juntamente com mais dois investigados por meio de uma associação criminosa, que desviou os recursos destinados pelo município para pagamento de moradia e aluguel para pessoas carentes.

De acordo com o MPMG, o acusado atuou juntamente com mais dois investigados por meio de uma associação criminosa, que desviou os recursos destinados pelo município para pagamento de moradia e aluguel para pessoas carentes.  O prejuízo aos cofres públicos podem ultrapassar R$ 4,1 milhões.

“O ex-diretor foi afastado pelo município no mês de março, e até agosto ele permaneceu com o computador do município e por meio dele, mesmo afastado de suas funções, prosseguiu com as transferências de recursos de maneira ilegal para as contas de pessoas privadas que não integravam os beneficiários do Bolsa Moradia. Esse é um dado importante que demonstra a participação, até mesmo por omissão, de outros envolvidos, até por uma certa leniência dos superiores que integravam a secretaria municipal (de Habitação) em Contagem”, explicou o promotor Fabrício Fonseca.

A Promotoria não forneceu nomes dos investigados na coletiva, mas confirmou que entre os 31 mandados de busca e apreensão realizados ontem, um foi executado na Câmara Municipal de Contagem. A Casa confirmou, em nota, que o gabinete do vereador licenciado, candidato à Prefeitura de Contagem e ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Ivayr Soalheiro foi alvo das buscas.

“Arrecadamos documentos e um dos alvos foi o gabinete de um vereador da Câmara Municipal. Fomos também na residência dos investigados a empresas ligadas aos desvios dos recursos públicos, e arrecadamos telefones celulares, computadores, e documentos visando o desdobramento das investigações”, declarou o promotor Fabrício Fonseca. “Já possuímos os elementos que indicam a participação do ex-diretor nos desvios dos recursos públicos, no entanto há necessidade de novos desdobramentos na investigação com objetivo de apurar a participação de outros agentes públicos e outros agentes políticos”, complementou.

Procurado, Yvair Soalheiro negou as acusações. “Isso é uma perseguição política. Estamos a 18 dias da eleição e sou segundo colocado em todas as pesquisas. Quando a prefeitura denunciou o caso ao Ministério Público, em julho deste ano, eu fui um dos primeiros a assinar a CPI da Câmara para apurar os fatos. Tenho 30 anos de vida pública e nunca tive um processo jurídico ou administrativo na minha vida. Não me chamaram para prestar esclarecimentos em hora nenhuma. Estou à disposição da Justiça para colaborar com as investigações”, afirmou.

Criada com o objetivo de combater desvios de recursos públicos destinados ao programa do município de Contagem denominado “Bolsa Moradia”, a operação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Contagem e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), além da Policia Civil de Minas Gerais e Policia Militar de Minas Gerais, cumpriu 31 mandatos de busca e apreensão, quatro mandados de prisão, todos já cumpridos. Um dos investigados que estava foragido,  Tonny  Anderson Santos, apresentou-se ao Gaeco em razão do mandado de prisão expedido de juízo criminal de Contagem.

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