De R$ 3.500 para R$ 7.000

Prefeito do Serro chama aumento de imoral e promete veto se vereadores aprovarem

Na quarta-feira, parlamentares dobraram o próprio salário a partir do ano que vem e deram aumento salarial para secretários, vice-prefeito e prefeito

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 17 de julho de 2020 | 14:52
 
 
 
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Após os vereadores de Serro, na região Central do Estado, aprovarem na última quarta-feira (15) aumento salarial para os agentes políticos da cidade, inclusive os vencimentos de parlamentares, o prefeito Guilherme Simões (PTB) considerou a medida como imoral e prometeu vetar a proposta que foi apreciada em primeiro turno. O chefe do Executivo disse que tenta, há três anos, economizar para dar um aumento aos servidores municipais, o que ainda não foi possível e que "qualquer aumento que não comece de baixo para cima agora é imoral".

Com os projetos votados em reunião extraordinária na quarta-feira, os vereadores teriam, a partir da próxima legislatura, um aumento de 100% nos vencimentos, que passariam de R$ 3.500 para R$ 7.000. Já o salário do prefeito passaria de R$ 15 mil para R$ 20 mil. Já o vice-prefeito e os secretários, que atualmente recebem R$ 5.000, passariam a receber R$ 8.000.

As propostas foram aprovadas por cinco votos a quatro. O vereador Paulinho Zé da Farmácia (PL), um dos que votaram contra, justificou o voto contrário pelo momento de pandemia. "Não é o momento de ter aumento. Muitas pessoas estão desempregadas, empresas fecharam as portas, agora é o momento de pensar no povo. O hospital, por exemplo, precisa de melhores recursos, precisamos batalhar para que a sociedade seja atendida", argumentou.

Por meio de nota, o presidente da Câmara de Serro, Ronivon Simões (Solidariedade), sem prever a data para a nova discussão, afirmou que o texto pode sofrer qualquer tipo de alteração por meio de emendas. "Os valores previstos ainda podem sofrer alterações, de forma a atender ao interesse público, seja pela sua majoração ou pela sua redução", escreveu.

O presidente do Legislativo ressaltou que embora as manifestações públicas tenham classificado o aumento como inoportuno, os projetos atenderam ao princípio da legalidade. "A Câmara Municipal  não compactuará com manobras políticas que distorçam fatos com o fim apenas de influenciar a opinião pública", concluiu Ronivon Simões.

Já o prefeito da cidade, Guilherme Simões, disse que o aumento "pode ser legal, mas não é moral" e que políticos usaram do momento de crise, de pandemia e de disputa eleitoral para votarem o projeto. Questionado se a cidade teria condições de arcar com o aumento,o prefeito negou a possibilidade. "Não, definitivamente não cabe no orçamento do município. Se fosse 1% de aumento não caberia e não condiz com a realidade. Eu não posso dar isso (1% de aumento) para o servidor que é cargo de carreira e recebe um salário mínimo, então não é justo eu dar para quem tem cargo eletivo", justificou.

O Aparte tentou contato com a Câmara Municipal de Serro, mas não teve as ligações atendidas. 

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