A insinuação do deputado federal Rogério Correia (PT) de que uma composição para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) entre as federações PT-PV-PCdoB e PSOL-Rede estaria atrelada a acordos em outras capitais incomodou a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL). Assim como Rogério, que lançou a pré-candidatura na última terça-feira (12/12), Bella é pré-candidata à PBH.
A O TEMPO há uma semana, Rogério utilizou o acordo para o PT apoiar a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo para defender a aliança com o PSOL já em 1º turno. “Há um esforço coletivo para alianças. A nossa federação - PT-PCdoB-PV - está unida, e avançamos em uma discussão com a federação PSOL-Rede neste aspecto. O PT já apoia a pré-candidatura do Boulos em São Paulo”, observou.
Apesar de admitir a hipótese de uma aliança, Bella ressaltou que a decisão pela cabeça de chapa não está atrelada ao apoio do PT às pré-candidaturas do PSOL em outras capitais. “Este projeto passa por uma análise sobre Belo Horizonte, não sobre outras capitais e acordos de outros tipos, até porque o PSOL não tem e não assumiu nenhum tipo de compromisso que nos atrela aqui a este tipo de acordo”, disparou a deputada.
Como contrapartida ao apoio a Boulos em São Paulo, o PT terá o candidato a vice-prefeito - que, hoje, pode ser a ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido). Caso uma dobradinha se repita em Belo Horizonte, o PT, que ainda enfrenta resistência interna a uma candidatura própria diante de uma possível composição com o PSD, poderia cobrar reciprocidade e reivindicar ao PSOL a cabeça de chapa e, assim, Bella ficaria com a vice.
De acordo com a deputada, qualquer composição à esquerda, até com “outras pessoas que têm contribuições importantes”, será feita a partir de “uma avaliação do que é melhor para Belo Horizonte”. “De um projeto que faça a cidade, de fato, avançar e sair desta situação terrível de acordos e conchavos que tornam a cidade inviável para construir políticas públicas ousadas, progressistas”, afirmou ela.
Rogério, por sua vez, diz concordar com Bella. “Foi exatamente o que ocorreu em São Paulo entre nossos partidos e federações, e trabalho para que o entendimento se concretize em Belo Horizonte”, disse o deputado federal. O apoio do PT à pré-candidatura de Boulos foi costurado ainda durante a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência. Em 2022, ao contrário de eleições anteriores, o PSOL abriu mão de ter um candidato ao Planalto para apoiar Lula já no 1º turno.
As alas do PT que defendem a pré-candidatura à PBH avaliam que, como o partido não terá candidaturas próprias em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde apoiará, respectivamente, Boulos e o prefeito Eduardo Paes (PSD), precisa encabeçar uma chapa em Belo Horizonte, já que Minas Gerais é o único dos estados do Sudeste em que Lula derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - foram 50,90% dos votos válidos contra 49,10%.
PT e o PSOL nunca estiveram na mesma chapa nas eleições para a PBH. Em 2020, por exemplo, o ex-ministro de Direitos Humanos Nilmário Miranda (PT) e a ex-deputada federal Áurea Carolina (PSOL) concorreram. Áurea teve 8,33% dos votos válidos, e Nilmário, 1,88%. Em 2016, quando o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) e Maria da Consolação (PSOL), concorreram, ele teve 7,27%, e ela, 4,11%. Já em 2012, Patrus Ananias (PT) teve 40,8%, e Maria da Consolação, 4,25%.