Menos de duas semanas depois de o vereador Arthurzinho (DEM), de Ibirité, na região metropolitana de BH, reclamar que o salário líquido de quase R$ 5.900 não era digno dos parlamentar, mas de “vendedor de laranja e engraxate”, a Câmara Municipal da cidade aprovou, nesta semana, um reajuste de 4,52%. A proposta, aprovada em primeiro turno, foi votada favoravelmente pelos 13 vereadores da Casa, inclusive por ele, que havia reclamado na sessão de 10 de fevereiro.

O valor bruto do salário passaria dos atuais R$ 7.657,79 para R$ 8.003,92. A medida foi assinada pelos membros da Mesa Diretora: Daniel Belmiro de Almeida (Avante), presidente; Dimas do Satélite Som (Republicanos), primeiro-vice-presidente; Marclene Rodrigues dos Santos (Avante), primeira-secretária; e Tilelei (PTC), primeiro-tesoureiro.

Em Ibirité, os vereadores se reúnem no plenário apenas duas vezes no mês, na segunda e na quarta segunda-feira. Com isso, a proposta deve ser votada em segundo turno só no próximo dia 8, se não ocorrer nenhum encontro extraordinário para a apreciação do tema.

Apesar do reajuste aprovado, a situação financeira do município não está equilibrada. Na mesma sessão em que os vencimentos foram alterados, os vereadores aprovaram também dois projetos da prefeitura que pediam, juntos, o empréstimo de R$ 52 milhões para a cidade. O primeiro, de R$ 42 milhões, foi concedida para “viabilizar manutenção, recapeamento e construção de vias públicas, dentre outros previstos na linha de financiamento”. Já os outros R$ 10 milhões serão para a instalação de energia solar fotovoltaica nos prédios públicos municipais.

No início do mês, Arthurzinho afirmou que “a maioria da população acha que o salário de um vereador é superior a R$ 15 mil” e que a demanda do gabinete dele era extremamente alta.

“O cara vai falar: ‘é muito dinheiro’, um cara que ganha o salário mínimo, mas para um vereador de uma cidade de 200 mil habitantes é pouco”, comparou. Depois, o vereador foi às redes sociais se desculpar e dizer que a intenção não foi, “de modo algum, desqualificar ou desmerecer o trabalho do outro, apenas mostrar à sociedade que o salário de vereador de Ibirité não condiz com a subjetividade da população, que imagina que o salário seja exorbitante”.

O Aparte procurou o parlamentar para comentar sobre o possível aumento. A assessoria de Arthurzinho disse que ele não falaria sobre um assunto que já foi encerrado e tampouco sobre o “reajuste pequeno de uns R$ 300”, segundo classificou um assessor.

Os servidores do Legislativo de Ibirité também vão receber um reajuste salarial de 4,52%. A Unidade Padrão de Vencimento (UPV), índice que calcula o salário de cada funcionário, passaria de R$ 138,03 para R$ 144,27.

A coluna procurou a assessoria da Câmara, mas não havia obtido retorno até o fechamento desta edição.