Campanha antecipada

Vídeos apócrifos com críticas à atual gestão da PBH circulam em rede social

Fato de os números de celulares serem de outros Estados sugere que há a contratação de serviços para o disparo dessas mensagens

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 04 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
normal

Após as chuvas das últimas semanas em Belo Horizonte, começaram a circular no WhatsApp vídeos apócrifos, de tom eleitoral, atacando a administração do prefeito Alexandre Kalil (PSD). A reportagem de O TEMPO recebeu três vídeos em celulares pessoais de números com DDDs das cidades de São Paulo (11) e Ribeirão Preto (16) e do Maranhão (99). O mesmo vídeo, um ataque à secretária municipal de Política Urbana de BH, Maria Fernandes Caldas, foi enviado por dois números diferentes para o mesmo repórter. No entanto, as características das contas no aplicativo são iguais: a foto de perfil é o brasão de Belo Horizonte, e o nome no aplicativo é “PBH Informa”. O segundo vídeo aborda supostas promessas de campanha relativas ao gerenciamento de enchentes na cidade que não teriam sido cumpridas. Já a terceira peça, de estética idêntica à segunda, reproduz o áudio de um suposto servidor, que não é identificado, dizendo que a gestão de Kalil é a pior em 20 anos.

O fato de os números de celulares serem de outros Estados sugere que há a contratação de serviços para o disparo dessas mensagens.
Questionado sobre o envio dos vídeos, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) não quis comentar por se tratar de um caso concreto que pode vir a ser julgado pela Corte. No entanto, por meio de nota, o tribunal ressaltou que é proibido contratar serviços de disparo em massa de conteúdos, embora a propaganda eleitoral por meio de sites ou aplicativos de mensagens instantâneas seja permitida.

Nas eleições de 2018, o WhatsApp se tornou uma ferramenta de disseminação de notícias falsas. O TRE-MG disse que o presidente do tribunal, o desembargador Rogério Medeiros, está preocupado que a situação se repita na eleição deste ano. “Ele vem se mostrando preocupado com a questão da proliferação de fake news e o impacto da desinformação nas próximas eleições”, diz a nota. 

A campanha eleitoral começa oficialmente em 18 de agosto. Porém, uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicada em dezembro define que, desde que não envolva pedido explícito de votos, não é campanha antecipada “a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive em redes sociais, blogs, sítios eletrônicos pessoais e aplicativos”.

“Críticas ao prefeito dificilmente seriam enquadradas como campanha eleitoral, apesar de terem esse objetivo”, disse o professor do Departamento de Ciência Política da UFMG Carlos Ranulfo. 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!