O governador e candidato à reeleição Romeu Zema (Novo) afirmou, neste sábado (20), que pretende diminuir a atividade minerária em Minas Gerais em um eventual segundo mandato. Em entrevista a uma rádio em Araxá, no Alto Paranaíba, Zema revelou ainda ter planos de criar um fundo específico de investimento para as cidades minerárias.
A declaração do governador acontece após as polêmicas referentes à mineração na Serra do Curral. Em abril, o Conselho Estadual de Política Ambiental em Minas Gerais (Copam), ligado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, aprovou uma licença para que a mineradora Tamissa minerasse na região por 13 anos. A autorização gerou revolta de ambientalistas e desde então vem sendo questionada judicialmente.
Sem citar o episódio, de acordo com o governador, a intenção é que daqui 30 anos 6% da receita gerada no Estado seja proveniente da mineração. Atualmente, segundo Zema, 20% da economia de Minas depende da atividade minerária.
"Todos nós sabemos que diferente de uma atividade agropecuária, a atividade minerária só se dá uma vez. As cidades precisam se diversificar economicamente para que a mineração represente cada vez menos. Inclusive, nós temos feito isso em Minas Gerais, porque não é só o nióbio que vai acabar daqui a 100 anos, o minério de ferro também. Itabira e outras minas estão se exaurindo", afirmou o governador à rádio Cidade FM.
Segundo Zema, o Estado tem investido em diversificar a economia e uma de suas propostas é que parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), pago pelas mineradoras às cidades onde há atividades minerárias, seja aplicada em um fundo para que os municípios invistam em infraestrutura. Atualmente, não há uma regra específica para o uso dessa arrecadação. A única exceção é que o dinheiro não pode ser aplicado em "pagamento de dívida ou no quadro permanente de pessoal da União, dos estados, Distrito Federal e dos municípios".
"Hoje, nós temos muitos prefeitos que recebem a CFEM, que na minha opinião deveria ser usado exclusivamente para investimento, mas que muitas vezes é usada para despesas correntes. É como se alguém tivesse uma renda extra durante dez anos e em vez de fazer uma casa, em vez de estruturar alguma coisa na vida, fica gastando sem ter lá na frente um plano que realmente traga benefícios", explicou o governador que argumentou que a medida deve ser feita em parceria do Estado com os municípios.
"Queremos que o impacto seja o menor possível para as pessoas e para as cidades que dependem dessa atividade minerária. Nós já vimos municípios entrarem em crise, porque de repente uma grande empresa fecha e ali não tem mais mineração", completou Zema.
Estradas
Durante a entrevista em Araxá, o governador rebateu as reiteradas queixas do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), principal adversário de Zema na disputa ao Palácio Tiradentes, sobre a situação das estradas em Minas Gerais. Kalil e sua equipe têm publicado nas redes sociais vídeos em que mostram problemas na malha rodoviária mineira.
Zema admitiu que o Estado está mal servido de rodovias, mas alegou que sua prioridade foi "deixar a casa em ordem"."Nos últimos 10 anos, a única coisa que nós tivemos foi operação tapa-buraco e operação tapa-buraco tem limite. Então, nesse ano de 2022, depois de equilibrarmos as contas, nós finalmente vamos ter condição de investir", afirmou o governador que voltou a criticar as gestões do PT no Estado.
Segundo Zema, o Novo tem pleiteado também junto ao governo federal melhorias nas rodovias que envolvem a União, mas sem sucesso. Vale lembrar que no segundo turno das eleições de 2018 e durante parte da sua gestão, o governador demonstrava apoio ao presidente, mas a situação mudou após o Partido Novo ter decido pelo lançamento da candidatura de Luiz Felipe D’Ávila ao Palácio do Planalto no pleito deste ano.
"Já perdi as contas de quantas vezes tenho cobrado do Ministério da Infraestrutura. São questões que precisam ser resolvidas, porque não dá mais para esperar. Não foi falta de insistir e lutar", disse.
A expectativa de Zema é que no próximo ano saia os leilões das BRs 381 e 262. "Infelizmente, com a pandemia nós tivemos diversos leilões que deram vazio, mas já fizeram um novo estudo e vão fazer (as concessões) de forma separada. Essa questão de concessões mal feitas é coisa de 15 anos atrás, do governo do PT, que fizeram as coisas de forma apressada e várias concessionárias abandonaram a manutenção das estradas", argumentou.
A reportagem de O Tempo entrou em contato com o Ministério de Infraestrutura e questionou as afirmações de Romeu Zema e aguarda um posicionamento.
Campanha
O governador fez campanha em Araxá neste sábado. Durante caminhada no centro da cidade, Zema se encontrou com moradores da cidade natal e deu entrevistas a rádios e canais de TV locais. "Fiz questão de iniciar a campanha na minha terra, em Araxá e no Triângulo Mineiro, como fiz há 4 anos", recordou Zema.