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Bancada evangélica vai ao Itamaraty cobrar apoio à Universal em Angola

Bolsonaro realize uma defesa enfática da Igreja Universal do Reino de Deus na crise da instituição no país africano

Por FOLHAPRESS
Publicado em 17 de maio de 2021 | 21:32
 
 
 
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Em reunião com o comando do Itamaraty, a Frente Parlamentar Evangélica cobrou, nesta segunda-feira (17), que o governo Jair Bolsonaro realize uma defesa enfática da Igreja Universal do Reino de Deus na crise da instituição em Angola.

A Igreja Universal vive desde o final de 2019 um racha no país africano, onde houve uma rebelião de pastores angolanos contra o comando brasileiro da denominação. Liderada pelo bispo Edir Macedo, a Universal é ligada ao partido Republicanos e controla a TV Record.

Os religiosos rebelados assumiram o controle de templos da Universal no país e acusaram a igreja de praticar sonegação fiscal, entre outras irregularidades.

O último capítulo da crise ocorreu em meados de maio, quando 34 brasileiros ligados ao trabalho missionário da Universal receberam a notificação de autoridades em Luanda de que seriam deportados.
Nove embarcaram para o Brasil ainda em 11 de maio.

O ministro de Relações Exteriores, Carlos França, convocou o embaixador de Angola em Brasília, Florêncio Mariano da Conceição e Almeida, para dar explicações. Na linguagem diplomática, o gesto indica insatisfação.

A ação do governo de Angola irritou parlamentares evangélicos, que passaram a mobilizar o governo Bolsonaro. O recado foi dado em reunião da bancada religiosa com França, no Palácio do Itamaraty.
"O problema da Universal é também nosso problema", afirma o presidente da frente parlamentar, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP). Ele é membro do Ministério Madureira da Assembleia de Deus.

"O presidente Bolsonaro já fez menção ao assunto, mas acreditamos que o governo pode fazer um pouco mais", acrescenta.

O deputado Milton Vieira (Republicanos-SP), que é pastor da Igreja Universal, vai na mesma linha. "O governo precisa olhar de perto e dar uma solução diplomática. O mais importante para um país é o seu povo, não é balança comercial. Os brasileiros em Angola não poderiam ter sido expulsos daquela maneira, e o governo brasileiro precisa dar uma resposta".

De acordo com os participantes, na reunião o chanceler disse que conversou sobre o tema com Bolsonaro. França informou que Bolsonaro deve ligar para o presidente de Angola, João Manuel Lourenço, e pedir que uma comitiva de parlamentares e líderes da Universal seja recebida no país.

A comitiva está sendo organizada pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), que preside o partido.

O chanceler disse ainda na reunião que daria atenção especial ao tema, mas que o Brasil não teria como envolver-se em disputas judiciais em Angola sobre o controle dos templos da igreja.

O governo Bolsonaro já indicou apoio à Universal na disputa. Em julho do ano passado, Bolsonaro enviou uma carta ao presidente angolano externando "preocupação com os recentes episódios" de "invasões a templos e outras instalações da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus)".

"Registram-se, ainda, relatos de agressões a membros da IURD, que, em certos casos, teriam sido expulsos das suas residências", escreveu Bolsonaro.

Ainda no final de 2019, o ex-chanceler Ernesto Araújo realizou uma viagem por cinco países africanos, sendo que defendeu a Universal na passagem por Angola.

Mas lideranças evangélicas avaliam internamente que os esforços foram tímidos e que o país não utilizou de pressão política e econômica para fazer valer os interesses da igreja em território angolano.

Nas discussões internas, eles lembram ainda que Bolsonaro conta com amplo apoio das igrejas evangélicas e que, portanto, deveria se empenhar mais num assunto que afeta uma das mais importantes igrejas neopentecostais no Brasil.

O descontentamento da frente parlamentar com o governo Bolsonaro ocorre no mesmo momento em que o último Datafolha identificou que o mandatário e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão empatados na preferência desse eleitorado.

A pesquisa mostrou que, no primeiro turno da eleição, 35% dos evangélicos votariam em Lula. Bolsonaro marcou 34%. Num eventual segundo turno entre os dois, cada um recebe 45% das intenções de voto, ainda de acordo com a sondagem.

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