No meio da tarde desta segunda-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro verbalizou a pessoas próximas que demitiria o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ainda nesta segunda-feira.
No entanto, antes mesmo de a noite chegar, Bolsonaro teria voltado atrás e desistido de desligar o ministro, informa fonte de O TEMPO.
O presidente e Mandetta estão reunidos neste momento em Brasília, juntos com os outros ministros. Ninguém da alta cúpula participou da coletiva sobre os próximos passos do enfrentamento do coronavírus, iniciada às 17h.
Tensão no ar
Bolsonaro chegou a pensar em substituir Mandetta por um nome que seja defensor da utilização da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus.
O presidente almoçou hoje com os ministros palacianos e com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), médico e defensor do uso da substância.
Última aparição de Mandetta
A última aparição pública do ministro da Saúde foi no sábado (4). Mandetta participou da transmissão ao vivo da dupla sertaneja Jorge e Mateus, feita no YouTube. Ele apareceu em um vídeo gravado, no qual afirmou que “é importante que a música chegue, mas que a gente não se aglutine”.
Mandetta ainda que as pessoas precisam se proteger e que o sistema de saúde precisa se preparar “para que, no momento certo, a gente possa se abraçar”. A live de Jorge e Mateus chegou a ser vista simultaneamente por 3 milhões de usuários na web.
Resposta do presidente
Isso não teria agradado ao presidente Jair Bolsonaro. Neste domingo (5), por exemplo, sem citar nomes, o presidente disse que integrantes de seu governo “teriam virado estrelas” e que a hora deles iria chegar. Em uma ameaça velada de demiti-los, disse não ter “medo de usar a caneta”.
“(Em) algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações. A hora D não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona”, afirmou Bolsonaro. “Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil. Não é para o meu bem. Nada pessoal meu”, disse o presidente.
Relação em pé de guerra
Nos últimos dias, Bolsonaro tem se estranhando com Mandetta e chegou a afirmar que faltava humildade ao seu auxiliar e que havia extrapolado. O presidente tem divergido, entre outras coisas, das medidas de isolamento social defendidas por Mandetta para combater a pandemia do coronavírus. Bolsonaro adotou um discurso contrário ao fechamento de comércio nos Estados, enquanto o ministro defende que as pessoas fiquem em casa.
Após essa declaração, dada na quinta-feira (2), o ministro reagiu e disse: “Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular. Quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”.
Nos bastidores, Mandetta vem dizendo a aliados que não pretende pedir demissão e só sairá do cargo por decisão de Bolsonaro.