O senador Carlos Viana pode deixar o MDB, nesta sexta-feira (1º), no penúltimo dia da janela partidária, para se filiar ao PL a fim de ser o pré-candidato ao governo de Minas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Conforme apurou O TEMPO, as tratativas são conduzidas diretamente pelo presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, em Brasília (DF). No entanto, a filiação poderia deflagrar uma crise entre a Executiva nacional e o diretório estadual da legenda.
A empreitada por Viana é amparada na avaliação de que Bolsonaro precisaria de um palanque em Minas Gerais – o segundo maior colégio eleitoral –, já que o governador Romeu Zema (Novo) estaria tentando se afastar do presidente. Em entrevista ao quadro Café com Política, do programa Super N, da Rádio Super 91,7 FM, nessa quinta-feira (31), o ex-secretário-geral de Estado, Mateus Simões (Novo), por exemplo, afirmou que Zema “nunca sinalizou apoio à reeleição do presidente Bolsonaro”, uma vez que o Novo já lançou a pré-candidatura à presidência de Felipe D’Avila.
A O TEMPO, na última quarta, o próprio Viana, por sua vez, admitiu que poderia ser o palanque desejado por Bolsonaro em Minas. “Como parece que o Zema negou caminhar junto com o presidente, Bolsonaro pode buscar um novo apoio aqui (em Minas), e eu quero estar com ele. Se o Zema não quiser, eu quero. O presidente é muito bem-vindo nessa aliança”, afirmou Viana. Inclusive, o pré-candidato ao governo de Minas é ex-vice-líder do Palácio do Planalto no Senado.
Apesar das tratativas, a eventual filiação de Viana poderia deflagrar uma crise no PL. A avaliação é de que o embarque seria positivo para Brasília, mas negativo para Minas Gerais, conforme avaliam alguns interlocutores da legenda. Embora Zema tenha buscado descolar a própria imagem de Bolsonaro, o apoio à reeleição do governador já é tratado como um ponto pacífico pelo diretório estadual do partido há algum tempo.
Além disso, a chegada do pré-candidato poderia afetar a construção da chapa de candidatos para a Câmara dos Deputados. Naturalmente, Viana se filiaria ao PL junto ao filho, Samuel Viana, que tem pretensões de ser candidato a deputado federal. A chapa, avaliada como forte pelo potencial de votos, já afastou, por exemplo, alguns quadros do partido, como os deputados Aelton Freitas e Charlles Evangelista. Enquanto o primeiro deixou a legenda pela qual chegou à Câmara dos Deputados rumo ao PP, Evangelista também optou por se filiar ao PP quando já tinha negociações avançadas com o PL.
Viana filiou-se ao MDB em dezembro de 2021 após deixar o PSD, onde disputaria naturalmente o posto de pré-candidato ao governo com o ex-prefeito Alexandre Kalil. O senador ingressou no partido pelas mãos da Executiva nacional. Inclusive, o presidente do MDB, Baleia Rossi, veio a Belo Horizonte para prestigiar o ato de filiação de Viana. A princípio, a ideia da pré-candidatura própria era agregar bons quadros para compor as chapas federal e estadual de deputados, assim como garantir um palanque à pré-candidatura à presidência da senadora Simone Tebet (MDB).
O TEMPO entrou em contato com Viana e com o presidente do diretório estadual do PL, José Santana, e aguarda retorno.