Maceió. Há quem ainda estacione à beira da rodovia AL–101, em Maceió, ou pare na areia da praia de Guaxuma, no litoral norte da capital alagoana, para fotografar a cena do crime: uma casa branca, de dois andares.

Na propriedade, hoje vizinha de frente de três motéis, Paulo César Cavalcante Farias, então com 50 anos, e sua namorada, Suzana Marcolino da Silva, 27, foram mortos com um tiro no peito cada um. Já se passaram 20 anos.

O fato de o local ainda aguçar o interesse de quem passa é revelado pelo caseiro da família Farias. Apesar dos curiosos que ainda surgem por ali, o assassinato do tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor, num misterioso crime que abalou a política do país nos anos 90 e que continua sem solução, tem aos poucos caído no esquecimento duas décadas depois.

A falta de memória sobre o caso, por exemplo, é um dos motivos tidos pela Promotoria como causa da absolvição dos quatro seguranças de PC, em 2013, por um júri jovem.

Com os anos, a própria casa de praia, afastando-se de seu aspecto funesto, tem ganhado outros fins. Já foi usada para casamentos de amigos e de membros da própria família. Um filho de Augusto Farias, irmão de PC, casou-se no local.

Ingrid, a filha de Paulo César, chegou a emprestar a propriedade para um casal de amigos realizar o matrimônio ali, em abril deste ano. Na ocasião, um altar foi montado ao lado da piscina, como mostram fotos publicadas nas redes sociais das empresas contratadas para a festa.

O espaço entre a casa onde o casal foi encontrado morto no dia 23 de junho de 1996 e o portão de saída para a praia deu lugar, durante o casório, a uma pista de dança. Convidados aparecem em fotos na internet com a sacada do quarto de PC ao fundo.

O cenário, apesar de seus fantasmas e do lixo e entulhos acumulados pela orla, é propício para casamentos: a praia é paradisíaca e deserta.

Hoje, pouco se vê do interior da propriedade, mas o quarto em que o casal morreu, num dos cantos do segundo andar de madeira e de frente para o mar, ainda pode ser visto por quem caminha pela praia.

Herdeiros

Fim de semana. Os herdeiros de PC, Ingrid e Paulo Augusto, usam a casa de praia aos finais de semana, mas com pouca frequência. Além do caseiro, um vigia e uma lavadeira moram ali.