BRASÍLIA - Após cobrança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por fidelidade na reunião ministerial de terça-feira (26/8), o União Brasil e o PP devem antecipar a saída do governo. A Cúpula do União Brasil informou que vai se reunir na próxima quarta-feira (3/9) para deliberar sobre a permanência ou entrega dos cargos na gestão petista.

Líderes da federação União Progressista já defendiam o desembarque, mas alegam que a situação ficou insustentável depois da declaração de Lula, de que não gosta do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e que a recíproca é verdadeira.

Lula também criticou Ciro Nogueira e disse que o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) quer ser o vice do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em eleição presidencial em 2026, porque não teria votos no Piauí para se reeleger senador.

Lula reclamou que, além da falta de apoio no Congresso, dirigentes partidários dessas legendas não poupam críticas à gestão petista.

O União Brasil tem três ministérios na Esplanada: Integração Nacional (Waldez Góes), Turismo (Celso Sabino) e Comunicações (Frederico Siqueira Filho).  

Waldez Góes deve permanecer no cargo. Além de ser uma indicação da cota pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Waldez é filiado ao PDT. O mesmo acontece com Siqueira Filho. Ele não é filiado ao União Brasil, era presidente da Telebras e foi alçado ao cargo de ministro pelo presidente do Senado. 

Já Sabino é pressionado por aliados a deixar o ministério nos próximos dias. Ele vem negociando nos bastidores para permanecer no cargo, mas já foi ameaçado de expulsão da legenda. Dirigentes não descartam, inclusive, que Alcolumbre indique o novo ministro do Turismo.

Partido defende 'independência'

Na terça-feira (26/8), após a fala de Lula, Rueda soltou uma nota rebatendo o presidente.

"A fala do presidente evidencia o valor da nossa independência e a importância de uma força política que não se submete ao governo", diz trecho da nota.

"Na democracia, o convívio institucional não se mede por afinidades pessoais, mas pelo respeito às instituições e às responsabilidades de cada um. O que deve nos guiar é a construção de soluções e não demonstrações de desafeto", escreveu Rueda.

Nesta terça-feira (27/8), a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados divulgou uma nota de apoio "irrestrito" ao presidente nacional da legenda, diante das declarações de Lula.

"Reafirmamos que a independência do União Brasil é valor essencial para o fortalecimento da democracia brasileira. Como bem destacou o presidente Rueda, o convívio institucional não se mede por afinidades pessoais, mas pelo respeito às instituições e às responsabilidades de cada um. Nossa atuação, no Parlamento e na vida pública, é guiada pela construção de soluções que atendam aos interesses da sociedade, e não por demonstrações de desafeto", diz trecho da nota.

A bancada também elogiou Sabino, sem comentar sobre a pressão para que ele deixe o Ministério do Turismo.

"Também registramos nosso reconhecimento ao trabalho realizado pelo ministro do Turismo, Celso Sabino, cuja gestão tem dado importantes resultados ao país, fortalecendo o setor e ampliando oportunidades de desenvolvimento econômico e geração de empregos".

De olho em 2026

Além disso, tudo indica que as legendas não apoiarão a reeleição do presidente Lula em 2026. Ciro Nogueira apoia uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao Planalto. Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), lançou sua pré-candidatura à Presidência na eleição do ano que vem. 

Sonhando com o governo da Paraíba, o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho, se aliou ao PL de Bolsonaro como fiador de sua pré-candidatura. Em evento no estado, Efraim subiu ao palco com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e defendeu pautas comuns à oposição. Ainda nessa esteira, ele aderiu ao movimento no Senado pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes.