Comissão da Verdade

Comandante Ustra afirma em depoimento que presidente Dilma Rousseff era terrorista

Coronel reformado diz que defendeu país do comunismo; Depoimento foi marcado por muito tumulto, com direito a gritaria e tapas na mesa

Por Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2013 | 03:00
 
 
 
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Brasília. Em um depoimento tumultuado, com bate-boca e gritaria, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra afirmou, ontem, à Comissão Nacional da Verdade, que nunca matou nem torturou durante a ditadura. Segundo ele, toda a ação do regime militar teve como objetivo proteger o país de uma ditadura de esquerda.As falas de Ustra foram contestadas por testemunhas.

O ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo entre os anos de 1970 e 1974 ainda afirmou que combateu “organizações terroristas” das quais fez parte a presidente Dilma Rousseff. Dilma militou em grupos marxistas de resistência armada à ditadura, foi presa e torturada.

“Nunca houve (mortes nas dependências do DOI-Codi). Quem deveria estar aqui é o Exército brasileiro. Todas as organizações tinham como objetivo implantar a ditadura do proletariado, o comunismo. A presidente Dilma integrou organizações terroristas”, afirmou ele.

Mesmo com uma decisão judicial que lhe dava o direito de não falar, Ustra fez uma defesa inicial e depois decidiu responder – muitas vezes aos gritos e batendo na mesa – a diversas perguntas feitas pelos integrantes da comissão José Carlos Dias e Claudio Fonteles. “Nunca cometi assassinatos, nunca ocultei cadáveres, sempre agi segundo a lei e a ordem. Não vou me entregar. Lutei, lutei e lutei”, disse, batendo na mesa.

Ele chegou por uma porta lateral do auditório onde ocorreu o depoimento, de óculos escuros e usando uma bengala, acompanhado de seu advogado – que ficou ao seu lado durante todo o tempo.

Acareação

Quando questionado sobre a existência do pau de arara e da “cadeira do dragão”, nome dado a um aparelho para a aplicação de choques elétricos, Ustra preferiu não responder.

O depoimento esquentou de vez quando Fonteles citou um documento secreto produzido pelo próprio Exército mostrando que, durante a gestão de Ustra, ao menos 50 pessoas morreram dentro do DOI. Ustra se irritou ainda mais e disse que esse documento não prova que eles morreram dentro das instalações governamentais.

Fonteles propôs, então, uma acareação entre Ustra e o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV), que momentos antes dera um depoimento dizendo que foi torturado com requintes de crueldade por Ustra. O coronel se negou: “Eu não faço acareação com terrorista”. Natalini, que estava na plateia, apontou o dedo para Ustra e gritou: “Eu não sou terrorista. Terrorista é você”.

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