BRASÍLIA - O senador Ciro Nogueira (PP-PI), líder do chamado Centrão, afirmou que a defesa pelo impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente, “é mais um discurso político” do que uma “possibilidade” - que, na visão dele, "não tem chance de passar" pelo quadro que compõe o Senado.

"Essa discussão de impeachment é mais de posicionamento político, não tem chance de passar um impeachment hoje com essa composição do Senado. É mais discurso político, não tem essa possibilidade”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo. 

Ele não vê, porém, chance de um candidato a senador conseguir vitória nas urnas em 2026, quando acontecerá a próxima eleição geral, se não se manifestar de forma clara sobre a destituição de ministros do STF.  

O senador ainda criticou o inquérito das fake news, que está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes. A investigação, aberta em 2019, mira a produção de notícias falsas e ameaças contra os integrantes da Suprema Corte. 

"Eu tenho alertado que, se eles [os ministros do STF] não diminuírem esse excesso de protagonismo, se não encerrarem esse inquérito [das fake news], essa situação [será] a grande pauta da eleição para o Senado. Vai ser muito ruim. Espero que não aconteça. Ninguém vai se eleger senador, fora do Nordeste, sem se manifestar por conta do impeachment”, declarou. 

O senador destacou, ainda na entrevista, que “não tem sentido um inquérito ficar aberto cinco anos” e que Moraes “tem de encerrar esse inquérito”. “Eu faço um apelo a ele [Moraes], é bom para o próprio Supremo. Tenho certeza que os ministros não apoiam isso publicamente para não ser contra o ministro Alexandre. Mas eu não conheço ninguém que defenda isso”, completou. 

Ciro Nogueira é um dos aliados próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem em seu entorno críticos ferrenhos de Moraes. O ex-presidente é um dos investigados no inquérito das fake news

Parlamentares da oposição e ligados a Bolsonaro insistem pela abertura do impeachment de Moraes – pedido não aceito pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem essa prerrogativa. O último pedido de impeachment do ministro do STF foi protocolado em 10 de setembro