BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovou, nesta quinta-feira (28/8), requerimentos de quebra de sigilo dos registros de entrada de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, nos prédios do Ministério da Previdência Social e do INSS.
Os pedidos se referem ao período entre janeiro de 2019 e julho de 2025, período que comporta o esquema de desvios irregulares em mensalidades de aposentados e pensionistas do INSS.
Antunes é apontado como o principal operador do esquema. As investigações apontam que ele movimentou, diretamente, R$ 53,5 milhões provenientes de entidades sindicais e de empresas relacionadas às associações. Também transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024.
Além disso, um relatório da Polícia Federal (PF) mostra que ele movimentou R$ 12,2 milhões em contas bancárias em 129 dias, pouco mais de quatro meses.
Na última terça-feira (26/8), a CPMI aprovou a convocação de Antunes e de dez ex-presidentes do INSS, além de ex-ministros da Previdência desde o governo Dilma Rousseff.
Também havia uma expectativa, sobretudo por parlamentares da oposição, de votar a quebra do sigilo bancário de Antunes. Mas após uma reunião entre membros da CPMI na última quarta-feira (27/8), ficou acordado que o requerimento vai ser analisado em outro momento, ainda a ser definido.
“Nós fizemos o acordo sobre solicitação de informações e questões da CPMI. As informações sobre quebra de sigilo bancário ou qualquer outra serão votadas separadamente”, disse o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Ao todo, foram aprovados 38 pedidos de informação nesta quinta-feira. Entre eles, o envio dos relatórios da Polícia Federal, Advocacia-Geral da União (AGU) e Controladoria-Geral da União (CGU) sobre a operação que investiga os desvios, além da cópia do STF e da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo de todos os processos relacionados à Operação.
Operação da PF motivou criação da CPMI
Investigações da Polícia Federal e da CGU apontaram em abril um esquema que cobrava mensalidades irregulares de aposentados e pensionistas.
Os valores eram descontados dos benefícios sem autorização. Os desvios investigados, referentes ao período de 2019 até 2024, na ocasião foram estimados em R$ 6,3 bilhões.
Em julho, o governo federal editou medida provisória que abriu crédito extraordinário ao Orçamento da União de R$ 3,3 bilhões para ressarcir os prejudicados.