BRASÍLIA - A comitiva de senadores formada para para tentar negociar a tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros já está em Washington e realiza neste domingo (27/7) uma reunião preparatória.
O encontro marcou o início dos trabalhos presenciais da delegação e teve como objetivo atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser abordados nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.
“O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil”, afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão.
No cronograma estão previstos:
- segunda-feira (28 de julho): reuniões com empresários e integrantes do Brazil-U.S. Business Council na residência oficial da embaixada do Brasil em Washington e na Câmara de Comércio dos EUA;
- terça-feira (29 de julho): compromissos estratégicos com autoridades e parlamentares norte-americanos, democratas e republicanos;
- quarta-feira (30 de julho): encontro com a sociedade civil - Americas Society Council of the Americas.
Até o momento, a Casa Branca não estabeleceu um canal de diálogo direto com o governo brasileiro. Na sexta-feira (25), o presidente Lula afirmou que o vice-presidente Geraldo Alckmin tem tentado dialogar com o governo dos Estados Unidos, mas que vem encontrando dificuldade para poder encontrar uma interlocução direta com a Casa Branca.
Mas o governo tem conversado com alguns interlocutores. Alckmin, que é também ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, relatou que conversou, nos últimos dias, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.
“Queria também destacar que nós temos conversado com o governo norte-americano. Nós tivemos uma conversa com o secretário de comércio, Howard Lutelick, uma conversa até longa, que entendo importante, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, disse Alckmin, a jornalistas.
A tarifa anunciada pelo presidente Donald Trump começa a valer em 1º de agosto. Existe a possibilidade de o governo brasileiro pedir adiamento da data para início da cobrança da nova taxa. A proposta foi apresentada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, Alckmin destaca que o foco é resolver a questão "nos próximos dias".
Os senadores, por outro lado, afirmam que vão tentar abrir uma frente de diálogo com parlamentares e empresários americanos para que ajudem a pressionar a Casa Branca a reduzir ou adiar o tarifaço.
"A missão aprovada por unanimidade pela Casa busca reabrir canais com o Congresso dos EUA. Sem confronto, com responsabilidade: defender empregos, cadeias-produtivas e a parceria histórica Brasil-EUA", disse Trad.
No Brasil, os senadores já conversaram com Geraldo Alckmin, com o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti, e representantes do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Fazem parte da comissão:
- Presidente: Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE)
- Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo
- Tereza Cristina (PP-MS)
- Fernando Farias (MDB-AL)
- Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
- Esperidião Amin (PP-SC)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Carlos Viana (Podemos-MG)
Entenda o 'tarifaço' de Trump
Em 9 de julho, na carta enviada ao governo brasileiro para anunciar a sobretaxa de 50% sobre produtos nacionais, o presidente Donald Trump citou o processo contra Bolsonaro e criticou o Supremo Tribunal Federal. O republicano classificou as ações contra o ex-presidente, réu por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, de “caça às bruxas”.
Bolsonaro é réu em uma ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de estado em 2022.