BRASÍLIA - Odiretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, rejeitou críticas sobre a interferência da política nas ações policiais durante sessão da Comissão de Segurança Pública com maioria de deputados de oposição nesta quarta-feira (9). Ele respondia a uma pergunta do deputado Coronel Meira (PL-PE) quando expôs que, em sua gestão, criou normas para regular o uso das redes sociais pelos agentes da Polícia Federal.

“O senhor fala em 'tirar a política da Polícia Federal'. Eu já normatizei internamente o uso de redes sociais. Proibi que policial federal use símbolo, arma, faça dancinha em TikTok, faça... Enfim, Instagram. Para que a instituição não seja utilizada para outros fins”, afirmou. Disse ainda que pretende vetar a filiação político-partidária dos servidores da Polícia Federal. 

“Eu também propus uma legislação para impedir que policial federal se filie a partido político ou participe de atividade político-partidária. Quem quer fazer política, que saia da instituição e cumpra uma quarentena”, acrescentou. Ele ainda elogiou o relatório do Novo Código Eleitoral, discutido no Senado Federal. A renovação das regras eleitorais prevê um período de quarentena para que profissionais da área da segurança possam concorrer às eleições. A regra, que ainda será votada, afeta juízes, membros do Ministério Público, policiais, militares e guardas.

Andrei respondeu aos deputados por cerca de três horas na Comissão de Segurança. O líder do PT, deputado Lindbergh Farias, participou da sessão e contribuiu para blindá-lo e retrucar ataques dirigidos a ele e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no correr da audiência. A participação do diretor-geral da PF no encontro da comissão ocorreu para explicar acusações de interferência do Planalto na corporação. Exigir a presença de ministros em comissões, majoritariamente ocupadas pela oposição, é uma estratégia corriqueira de desgaste do governo na Câmara dos Deputados.

O diretor-geral ainda rejeitou todas as acusações de uma suposta interferência do governo na PF. “Pergunte para quem o senhor quiser na instituição, e a resposta, antecipo, é 'não'. A polícia hoje tem independência e autonomia”, rebateu.

Diretor da PF diz que investigações contra fraudes começaram em 2017

Outros assuntos polêmicos também foram abordados durante a ida de Andrei Rodrigues à comissão, e os deputados repetiram durante as três horas questões referentes à investigação da Polícia Federal que detectou os descontos irregulares nas folhas de aposentados e pensionistas do INSS. Ele repetiu que as investigações sobre as fraudes começaram há, pelo menos, sete anos, e, portanto, os descontos ilegais não começaram na gestão do presidente Lula.

“Na minha gestão nós investigamos as fraudes da previdência e desbaratamos esse crime. Deputado, são documentos de 2017. Mostrei documentos que assinei como coordenador-geral em 2018. Não é omissão minha, ao contrário, minha gestão desbaratou esse crime e colocou pessoas na cadeia”, declarou. Andrei disse também que não houve qualquer interferência do presidente nas investigações e contestou as declarações de que o irmão de Lula seria um dos acusados pelas fraudes. “Só para deixar claro, repito: o irmão do presidente Lula não era investigado, nem o sindicato. Foi o que aconteceu. Esses são os fatos para evitar qualquer dúvida”, concluiu.

Fim do espetáculo

Ainda durante a participação na Câmara dos Deputados, Andrei Rodrigues disse que sua gestão pôs fim aos espetáculos na Polícia Federal. “Fizemos fim aos heróis e àqueles que se destacavam pessoalmente em detrimento da instituição”, afirmou. “Tenho dito, reiteradas vezes, que segurança pública é combatida somente com estratégia, inteligência, integração e cooperação. Não é com frases de efeito ou mais violência”, completou.

Andrei destacou que a PF passa por um novo momento e que o “respeito à autonomia investigativa” é um dos pilares para a garantia da segurança pública. De acordo com ele, “não há ninguém mais interessado” em identificar irregularidades na atuação da instituição do que ele próprio. “Eu não tolero, não aceito, não admito desvios de comportamento, desvios de conduta e uso da instituição para fins que não sejam institucionais”, reforçou.