BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se encontrou com os líderes da oposição grupo na tarde desta quarta-feira (6/8) para comunicar que abrirá sessão deliberativa, ou seja, de votações, ignorando a ocupação do plenário pelo grupo alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A reunião antecedeu o encontro de Motta com o colégio de líderes na residência oficial da Câmara, e os deputados precisaram esperar por cerca de uma hora e meia até que Motta chegasse para o encontro marcado.
O encontro chamado por Motta com todos os líderes é uma tentativa de pacificação em meio à ocupação do plenário da Câmara pela oposição, que o pressiona para pôr em votação o projeto de lei da anistia em prol de réus e condenados pelos atos de 8 de janeiro e, ainda, de Bolsonaro.
Outra pressão é pela proposta de emenda à Constituição (PEC) que põe fim ao foro privilegiado, podendo levar o julgamento sobre o plano de golpe de Estado, hoje no Supremo Tribunal Federal (STF), para a primeira instância da Justiça.
Pela manhã, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que a oposição não participaria dessa reunião marcada por Motta. A intenção era conseguir um encontro individual, sem líderes de outros grupos políticos, e ainda com participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Mas, na véspera da reunião, os líderes do bloco na Câmara estiveram com Motta. Participaram do encontro, além de Sóstenes, os líderes da oposição, Zucco (PL-RS), e da minoria, Caroline de Toni (PL-SC).
No encontro, Motta teria dito que abriria a sessão apesar dos protestos. A posição do presidente da Câmara suscitou reação de Sóstenes que, em vídeo disparado para deputados do partido, orientou imediata ação dos parlamentares para continuar a ocupação do espaço físico do plenário.
O líder do PL determinou que continue também a ocupação do Auditório Nereu Ramos, espaço dedicado a eventos como seminários que, nos bastidores, foi apontado como opção para realização da sessão diante da indisponibilidade do plenário.
A situação é menos áspera no Senado. Alcolumbre marcou reunião para 16h com todos os líderes, e nomes da oposição decidiram participar. Entre eles, Marcos Rogério (PL-RO) e Rogério Marinho (PL-RN), além de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que chegou já durante a noite. O presidente do Senado criticou, na terça-feira (5/8), a ocupação dos plenários do Congresso Nacional e classificou o ato como um "exercício arbitrário".