Denúncia

Alcolumbre usou funcionárias fantasmas em esquema de rachadinha, segundo revista

Prática teria durado cinco anos no gabinete do senador e rendido R$ 2 milhões

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 29 de outubro de 2021 | 13:12
 
 
 
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O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) empregou seis servidoras fantasmas no gabinete dele entre janeiro de 2016 e março deste ano, segundo reportagem da revista Veja. O esquema teria, também, o confisco de parte dos salários, prática irregular conhecida como rachadinha.

A revista relata que as servidoras, que moram na periferia do Distrito Federal, foram nomeadas com salários que variavam de 4 mil a 14 mil reais que não ficavam de forma integral com elas. A informação é que as seis mulheres abriam uma conta no banco, entregavam o cartão e a senha a uma pessoa de confiança do senador e recebiam um pequeno valor como gratificação.

A fraude, de acordo com a Veja, foi de pelo menos R$ 2 milhões, somando salários, benefícios e verbas rescisórias que as servidores teriam direito.

Apesar de terem assumido o cargo público, as servidoras tinham, na realidade, funções de diarista, estudante e donas de casa. Elas revelam que conversaram diretamente com Alcolumbre, que propôs a “troca de favores” e a condição que elas mantivessem o sigilo.

“O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era mais de R$ 14 mil, mas topei receber apenas R$ 1.350. A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado”, contou a diarista Marina Ramos Brito dos Santos, de 33 anos, que acumulava auxílio-alimentação, auxílio-pré-escolar e uma gratificação por desempenho.

O valor era o mesmo para estudante Erica Almeida Castro, de 31 anos. “Meu salário era acima dos R$ 14 mil, mas eu só recebia R$ 900. Eles ficavam até com a gratificação natalina. Na época, eu precisava muito desse dinheiro. Hoje tenho vergonha disso”, afirmou.

“Eles pegaram meu cartão do banco e a senha. Uma pessoa sacava o dinheiro e dava minha parte na mão. Cheguei a ter um salário de R$ 11 mil, mas recebia apenas 800 por mês”, revela a dona de casa Lilian Alves Pereira Braga, de 29 anos.

As outras servidoras seriam as donas de casa Jessyca Priscylla de Vasconcelos Pires, de 29 anos; Adriana Souza de Almeida, de 36 anos; e a desempregada Larissa Alves Pereira Braga, de 25 anos.

Pela revista, a prática ilegal teria acontecido quando Davi Alcolumbre ocupou o cargo de presidente do Senado Federal, entre 2019 e 2021.

O senador se defendeu das acusações e disse ser vítima de uma "campanha difamatória sem precedentes". "Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem", disse.

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