Dissidentes

Governo minimiza reações por presença de partidos da base em impeachment de Lula

Apesar da expectativa inicial, o Planalto não deve cobrar a conta das siglas: 'Esses deputados não têm e nunca tiveram ligação com o governo', diz um congressista ligado a Lula

Por Lucyenne Landim
Publicado em 01 de março de 2024 | 12:44
 
 
 
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A assinatura de deputados de partidos que integram a base do governo no pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não movimentou qualquer espécie de retaliação. Na última terça-feira (27), o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), avisou que entregaria a lista com esses nomes para que o Palácio do Planalto tomasse providências.

“Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ser da base do governo, ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment. Isso não é razoável e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências”, disse. 

Mas, até agora, os líderes não foram avisados sobre eventuais reações, assim como os próprios parlamentares que poderiam perder vantagens. Das 140 assinaturas que a oposição contabiliza no pedido de impeachment, 49 são de deputados de partidos que compõem o primeiro escalão do governo Lula: MDB, União Brasil, PSD, PP e Republicanos. Juntos, eles ocupam 11 das 38 cadeiras de comando na Esplanada dos Ministérios (veja detalhes abaixo). 

Além dos órgãos de maior destaque, o governo negociou outros incentivos em troca de apoio. A lista conta com vice-presidências, diretorias e cargos estaduais em empresas como a Caixa Econômica Federal e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), entre outras. 

A expectativa era a de que o governo pedisse de volta cargos em uma pressão às legendas. O entrave é que essas 49 assinaturas seriam de dissidentes que nunca participaram em nada do governo, portanto, sequer foram beneficiados em algum momento ou tiveram qualquer pedido atendido.

“Esses deputados não têm e nunca tiveram ligação com o governo, então não tem por que reagir”, disse à reportagem de O TEMPO Brasília um congressista que tem portas abertas no gabinete de Lula. Dessa forma, cobranças cairiam em figuras dos partidos que aceitaram trocar apoio por poder e não têm relação com a lista do pedido de impeachment.

Essa avaliação ganha ainda mais força porque desde o início Lula sabia que não teria consenso a seu favor dentro das siglas, especialmente em relação ao PP e ao Republicanos. Os dois entraram para o governo em setembro de 2023, enquanto MDB, União Brasil e PSD estão desde a posse do petista, em janeiro do ano passado. 

Apesar de atestar a falta de reação mais de uma semana depois de suas rubricas no pedido de impeachment ficarem públicas, esses parlamentares ainda não descartam que o governo cobre a conta. Não há, porém, grandes preocupações com essa possibilidade. 

Chefe da articulação política do governo Lula, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também minimizou as reações possíveis. Na quarta-feira (28), ele disse que estudaria eventuais providências quando recebesse de Guimarães a lista com os nomes. “Mas isso não significa punição”, frisou, destacando que não é papel do governo retaliar ações de parlamentares. 

O pedido de impeachment de Lula foi protocolado na Câmara dos Deputados em 22 de fevereiro e mira a comparação feita pelo presidente entre os ataques de Israel na Faixa de Gaza, em meio à guerra contra o Hamas, ao Holocausto, que foi a perseguição e o assassinato de judeus na Alemanha nazista por Adolf Hitler

A presença dos cinco partidos no governo Lula 

O PSD tem três cadeiras no primeiro escalão desde o início do governo Lula: Carlos Fávaro na Agricultura; André de Paula na Pesca; e Alexandre Silveira em Minas e Energia. 

O União Brasil tem a mesma quantidade. Juscelino Filho e Waldez Góes (que não é filiado), das Comunicações e Integração e Desenvolvimento Regional, respectivamente, estão nos cargos desde janeiro de 2023. Já a pasta do Turismo começou sob o comando de Daniella Carneiro, mas passou para Celso Sabino em uma disputa interna do partido. 

Também com três ministérios, o MDB comanda, desde o início do governo, as pastas de Transportes, com Renan Filho; das Cidades, com Jader Filho; e do Planejamento, com Simone Tebet. 

Já o PP e o Republicanos entraram no governo em setembro, em uma negociação direta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A troca foi aceita por Lula, que esperava ter maior apoio na aprovação de projetos de interesse do governo na Câmara

Na ocasião, Silvio Costa Filho, do Republicanos, assumiu o Ministério de Portos e Aeroportos, enquanto André Fufuca, do PP, ficou com o comando da pasta do Esporte

Veja lista de deputados que assinaram o pedido de impeachment de Lula, de acordo com a deputada Carla Zambelli (PL-SP):

  • Abilio Brunini (PL-MT)
  • Adilson Barroso (PL-P)
  • Adriana Ventura (Novo-SP)
  • Afonso Hamm (PP-RS)
  • Alberto Fraga (PL-DF)
  • Alfredo Gaspar (União-AL)
  • Amália Barros (PL-MT)
  • Amaro Neto (Republicanos-ES)
  • Ana Paula Leão (PP-MG)
  • André Fernandes (PL-CE)
  • André Ferreira (PL-PE)
  • Any Ortiz (Cidadania-RS)
  • Bia Kicis (PL-DF)
  • Bibo Nunes (PL-RS)
  • Capitão Alberto Neto (PL-AM)
  • Capitão Alden (PL-BA)
  • Capitão Augusto (PL-SP)
  • Carla Zambelli (PL-SP)
  • Carlos Jordy (PL-RJ)
  • Carlos Sampaio (PSDB-SP)
  • Caroline de Toni (PL-SC)
  • Chris Tonietto (PL-RJ)
  • Clarissa Tercio (PP-PE)
  • Coronel Assis (União-MT)
  • Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
  • Coronel Fernanda (PL-MT)
  • Coronel Meira (PL-PE)
  • Coronel Telhada (PP-SP)
  • Coronel Ulysses (União-AC)
  • Covatti Filho (PP-RS)
  • Cristiane Lopes (União-RO)
  • Da Vitória (PP-ES)
  • Daniel Agrobom (PL-GO)
  • Daniel Freitas (PL-SC)
  • Daniel Trzeciak (PSDB-RS)
  • Daniela Reinehr (PL-SC)
  • Darci de Matos (PSD-SC)
  • Dayany Bittencourt (União-CE)
  • Delegada Ione (Avante-MG)
  • Delegado Caveira (PL-PA)
  • Delegado Éder Mauro (PL-PA)
  • Delegado Fabio Costa (PP-AL)
  • Delegado Palumbo (MDB-SP)
  • Delegado Ramagem (PL-RJ)
  • Diego Garcia (Republicanos-PR)
  • Dilceu Sperafico (PP-PR)
  • Domingos Sávio (PL-MG)
  • Dr. Fernando Máximo (União-RO)
  • Dr. Frederico (PRD-MG)
  • Dr. Jaziel⁠ (PL-CE)
  • Dr. Luiz Ovando (PP-MS)
  • ⁠Dr. Zacharias Calil (União-GO)
  • Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
  • Eli Borges (PL-TO)
  • Emidinho Madeira (PL-MG)
  • Eros Biondini (PL-MG)
  • Evair Vieira de Melo (PP-ES)
  • Felipe Francischini (União-PR)
  • Felipe Saliba (PRD-MG)
  • Fernando Rodolfo (PL-PE)
  • Filipe Barros (PL-PR)
  • Filipe Martins (PL-TO)
  • Franciane Bayer (Republicanos-RS)
  • Fred Linhares (Republicanos-DF)
  • General Girão (PL-RN)
  • General Pazuello (PL-RJ)
  • Geovania de Sá (PSDB-SC)
  • Gerlen Diniz (PP-AC)
  • Gilberto Silva (PL-PB)
  • Gilson Marques (Novo-SC)
  • Gilvan da Federal (PL-ES)
  • Giovani Cherini (PL-RS)
  • Greyce Elias (Avante-MG)
  • Gustavo Gayer (PL-GO)
  • Hélio Lopes (PL-RJ)
  • Ismael (PSD-SC)
  • Jefferson Campos (PL-SP)
  • Joaquim Passarinho (PL-PA)
  • José Medeiros (PL-MT)
  • Julia Zanatta (PL-SC)
  • Junio Amaral (PL-MG)
  • Kim Kataguiri (União Brasil-SP)
  • Lincoln Portela (PL-MG)
  • Lucas Redecker (PSDB-RS)
  • Luciano Galego (PL-MA)
  • Luiz Lima (PL-RJ)
  • Luiz Philippe (PL-SP)
  • Magda Mofatto (PRD-GO)
  • Marcel Van Hattem (Novo-RS)
  • Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG)
  • Marcelo Moraes (PL-RS)
  • Marcio Alvino (PL-SP)
  • Marco Brasil (PP-PR)
  • Marco Feliciano (PL-SP)
  • Marcos Pollon (PL-MS)
  • Mariana Carvalho (Republicanos-MA)
  • Mario Frias (PL-SP)
  • Maurício Carvalho (União-RO)
  • Maurício Marcon (Podemos-RS)
  • Maurício Souza (PL-MG)
  • Mendonça Filho (União-PE)
  • Messias Donato (Republicanos-ES)
  • Miguel Lombardi (PL-SP)
  • Nicoletti (União-RR)
  • Nikolas Ferreira (PL-MG)
  • Osmar Terra (MDB-RS)
  • Padovani (União-PR)
  • Pastor Diniz (União-RR)
  • Pastor Eurico (PL-PE)
  • Paulinho Freire (União-RN)
  • Paulo Bilynskyj (PL-SP)
  • Paulo Freire Costa (PL-SP)
  • Pedro Aihara (PRD-MG)
  • Pedro Lupion (PP-PR)
  • Pedro Westphalen (PP-RS)
  • Pezenti (MDB-SC)
  • Professor Alcides (PL-GO)
  • Reinhold Stephanes Jr. (PSD-PR)
  • Ricardo Salles (PL-SP)
  • Roberta Roma (PL-BA)
  • Roberto Duarte (Republicanos-AC)
  • Roberto Monteiro Pai (PL-RJ)
  • Rodolfo Nogueira (PL-MS)
  • Rodrigo Valadares (União-SE)
  • Rosana Valle (PL-SP)
  • Rosangela Moro (União-SP)
  • Sanderson (PL-RS)
  • Sargento Fahur (PSD-PR)
  • Sargento Gonçalves (PL-RN)
  • Silvia Cristina (PL-RO)
  • Silvia Waiãpi (PL-AP)
  • Silvio Antonio (PL-MA)
  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
  • Stefano Aguiar (PSD-MG)
  • Thiago Flores (MDB-RO)
  • Vermelho (PL-PR)
  • Vicentinho Júnior (PP-TO)
  • Zé Trovão (PL-SC)
  • Zé Vitor (PL-MG)
  • Zucco (PL-RS)

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