O subprocurador Paulo Gonet, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o comando da Procuradoria Geral da República (PGR), já deu início ao tradicional périplo pelos gabinetes dos 81 senadores, em busca de votos para a sua aprovação.

Durante a manhã e tarde desta quarta-feira (29), Gonet visitou dezenas de parlamentares de diferentes legendas. Ele tem até o dia 13 de dezembro, data de sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, para concluir a romaria.

Todo indicado para a PGR precisa passar pela sabatina na CCJ do Senado e por votação no mesmo colegiado. Posteriormente, o nome é submetido à análise do plenário da Casa, exigindo o respaldo favorável de, no mínimo, 41 dos 81 senadores para ser aprovado.

A expectativa é que Paulo Gonet não encontre dificuldades para conseguir uma ampla maioria favorável ao seu ingresso no comando do Ministério Público Federal. O subprocurador é visto com perfil conservador e isso deve agradar parlamentares da oposição, que poderiam ser entraves à escolha do governo Lula.

O indicado, inclusive, foi preterido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019, quando Augusto Aras acabou sendo escolhido para o cargo. Ele já se posicionou, por exemplo, contra a descriminalização do aborto, defendendo que a vida humana existe desde a concepção, e contra a política de cotas, pautas de costumes que são abordadas amplamente pela oposição.

O PL, principal partido de oposição ao governo Lula e segunda maior bancada da Casa, com 12 senadores, deve liberar seus integrantes para votarem como quiserem na indicação de Gonet. Posturas semelhantes devem ter legendas como PP e Republicanos, que também compõem a oposição.

A situação de Gonet contrasta com a de Flávio Dino, indicado por Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), que será sabatinado no mesmo dia de Gonet pela CCJ. Apesar de também estar em situação cômoda para obter os votos necessários, Dino enfrenta forte resistência dos partidos de oposição, que irão votar maciçamente contra a sua ida ao STF.