Jornais de todo o mundo repercutiram as imputações feitas ao presidente Jair Bolsonaro no relatório final da CPI da Covid-19. O texto foi oficialmente disponibilizado hoje e será votado na próxima semana. Veículos do mundo inteiro enfatizaram a gravidade dos crimes atribuídos ao presidente, mas vários questionaram a possibilidade que ele seja de fato punido pelas condutas indicadas pelos senadores.

O argentino "La Nacion" falou em "tensão no Brasil" dizendo que o Congresso pediu a investigação de Bolsonaro por crimes contra a humanidade e outros oito tipos penais. O jornal lembrou que o país foi o mais afetado pela disseminação do coronavírus no continente e que o presidente da República respondeu que não tem "culpa de absolutamente nada".

Nos Estados Unidos, o "Washington Post" lembrou que a versão preliminar atribuía ainda mais condutas ao presidente, mas destaca o apoio que Bolsonaro acredita ter nos órgãos que poderiam levar adiante alguma investigação. "As repercussões legais, no entanto, são improváveis ​​no curto prazo: os aliados de Bolsonaro, que incluem o procurador geral (Augusto Aras) e dominam a Câmara dos Deputados do Brasil, devem rejeitar qualquer tentativa de impeachment ou indiciamento do presidente antes das eleições de outubro próximo", pontuou o jornal.

Ainda nos Estados Unidos, o "The New York Times" destacou a retirada dos crimes de homicídio e genocídio do relatório. O jornal destacou que a maioria dos senadores concluiu que os dois crimes eram tão graves que seriam difíceis de provar no tribunal e poderiam enfraquecer as perspectivas de que o relatório traga alguma consequência legal para Bolsonaro.

Na Europa, o inglês "The Guardian" afirmou que o relatório é uma resposta dura à política "anticiência" e "desleixada" do governo Bolsonaro na pandemia. "Será uma leitura profundamente incômoda para o líder de extrema-direita do Brasil e dezenas de aliados, contra os quais também são recomendadas acusações", apontou o jornal, que também ponderou sobre as dificuldades de que punições sejam aplicadas.

O francês Le Figaro lembrou que as audiências "foram agitadas, com testemunhos emocionantes e revelações assustadoras sobre experimentos em 'cobaias humanas' com remédios ineficazes" e também lembrou da gravidade dos crimes imputados.

Na Espanha, o El País apontou que "o Brasil iniciou uma batalha para identificar e punir os culpados por facilitar a disseminação da Covid-19 com o objetivo de obter imunidade de rebanho" para "retomar as atividades econômicas o mais rápido possível". O jornal ainda lembrou que o país é o sétimo no mundo com mais mortes em relação ao tamanho da população.

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