Reuniões em Washington

Parlamentares bolsonaristas estão nos EUA para 'mostrar ao mundo violações'

Liderados por Eduardo Bolsonaro, parlamentares do PL estiveram com colega americano acusado pela Justiça americana de ter cometido 4 crimes

Por Renato Alves
Publicado em 16 de novembro de 2023 | 11:31
 
 
 
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Liderados por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), senadores e deputados federais do PL, aliados do pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram aos Estados Unidos nesta semana para “mostrar ao mundo” supostas violações de direitos como a liberdade de expressão. 

Em Washington, os parlamentares brasileiros fizeram fotos e vídeos em frente e dentro dos prédios da administração federal norte-americana, participaram de ato pró-Israel e se encontraram com parlamentares republicanos fiéis ao ex-presidente Donald Trump, que deve tentar voltar à Casa Branca nas eleições de 2024.

Além de Eduardo Bolsonaro, viajaram aos EUA os senadores Magno Malta (PL-ES) e Jorge Seif (PL-SC), e os deputados federais Altineu Côrtes (PL-RJ), Delegado Ramagem (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Gustavo Gayer (PL-GO). 

Grupo se encontrou com George Santos, acusado pela Justiça dos EUA de ter cometido 4 crimes

Entre outros, a comitiva esteve com George Santos, o deputado trumpista acusado de fraude fiscal, lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas e de mentir perante o Congresso norte-americano. Ele é acusado de ter recebido ilegalmente mais de US$ 24 mil da ajuda do governo dos EUA a desempregados durante a pandemia. O republicano escapou de duas tentativas de cassação, a última neste mês.

O encontro com Santos foi documentado em fotos e vídeo pelos parlamentares brasileiros, que publicaram imagens e textos nas suas redes sociais. Ele aconteceu no Capitólio, a sede do Congresso dos EUA. O prédio foi invadido em 6 de janeiro de 2021 por apoiadores de Trump para tentar interromper a transição e, consequentemente, a posse do atual presidente, o democrata Joe Biden.

A reunião ocorreu na quarta-feira (15), Dia da Proclamação da República e feriado no Brasil. No mesmo dia, apoiadores de Bolsonaro realizaram atos em cidades brasileiras contra o governo Lula e outras autoridades, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No entanto, as manifestações tiveram baixa adesão, com ausência os principais políticos de direita. Nenhum dos filhos de Bolsonaro, por exemplo, esteve em um dos atos. 

Júlia Zanatta participou de passeata em defesa de Israel e contra o Hamas

No mesmo momento em que bolsonaristas se reuniam no Brasil, Júlia Zanatta, por exemplo, participava de um ato a favor de Israel, em Washington. “Conversei com manifestantes e falei da vergonhosa postura do governo Lula em relação ao grupo terrorista Hamas – sempre passando a mão na cabeça e equiparando Israel a eles”, escreveu a deputada catarinense no Instagram, em post seguido de uma foto dela segurando um cartaz em inglês.

Mais tarde, ela anunciou, também no Instagram, que nesta quinta-feira (16), estaria com os demais integrantes da comitiva na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da  Organização dos Estados Americanos (OEA). O também catarinense Jorge Seif usou o X, antigo Twitter, para explicar a presença do grupo em Washington. “Nós, parlamentares brasileiros da direita, estamos nos EUA para denunciar aos nossos pares americanos e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH, o perigo das relações do atual governo brasileiro, com países ditatoriais e as violações da nossa liberdade de expressão, que são uma ameaça real à nossa democracia e à Constituição Federal”, escreveu.

Até a mais recente atualização desta reportagem, nenhum dos integrantes da comitiva havia informado quando voltariam ao Brasil nem quem custeou a viagem. A reportagem de O TEMPO em Brasília enviou e-mails aos gabinetes dos parlamentares, ao Senado e à Câmara dos Deputados do Brasil pedindo tais informações. Até então, ninguém havia respondido, nem mesmo se a viagem se tratava de missão oficial, em que parlamentares cumprem deveres inerentes ao mandato. O espaço continua aberto para manifestações.

Câmara gastou quase R$ 13 mil com viagem de bolsonaristas para apoiar Milei na Argentina

Há quase um mês, os deputados bolsonaristas Eduardo Bolsonaro, Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) estiveram na Argentina para participar da campanha do candidato de direita Javier Milei, que disputa a presidência do país, agora em segundo turno, contra o governista Sergio Massa, ministro da Economia do governo do presidente Alberto Fernández.

A viagem foi paga pela Câmara dos Deputados, que gastou R$ 12.989,92 com a ida dos três parlamentares que acompanharam de perto o primeiro turno das eleições presidennciais argentinas, em 22 de outubro.

Eduardo saiu de Brasília na manhã de 22 de outubro, fez conexão em Guarulhos (SP) e chegou em Buenos Aires às 12h10, quando a votação já estava em andamento. Para o deslocamento, o deputado adquiriu uma passagem pela Gol por R$ 1.710,54, apenas a ida. Na volta, ocorrida na tarde do dia seguinte (segunda-feira), foram gastos mais R$ 2.505,53. Um custo total de R$ 4.216,07.

Já Marcel Van Hattem recebeu da Câmara um reembolso de R$ 4.236,19 pelas passagens áreas. Ele saiu de Porto Alegre na manhã de 21 de outubro e chegou, ainda na parte da manhã, na capital argentina. A volta ocorreu dois dias depois, em 23 de outubro. 

No caso de Rodrigo Valadares, não há informações sobre pedido de crédito para a viagem até a Argentina, mas reembolso por hospedagem. Ele ficou quatro dias (de 19 a 23 de outubro) no hotel Hilton, em Puerto Madero, sob um custo total de R$ 4.537,66 aos cofres públicos brasileiros.

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