No frenesi da busca pelo emagrecimento, uma nova tendência surgiu nos corredores do Senado Federal: o Mounjauro, apelidado de "Ozempic dos ricos", tem sido o alvo do desejo de muitos políticos em busca da perda de peso rápida e eficaz.
Entre os adeptos deste "elixir da magreza" está o senador Omar Aziz, que ostenta uma perda de peso de mais de 20 quilos em três meses. Não é segredo que colegas do Congresso Nacional têm recomendado calorosamente esta pílula para o parlamentar. E não para por aí, até mesmo um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se rendeu aos supostos encantos do Mounjaro.
Mas nem tudo são rosas na terra dos quilos perdidos. Na última reunião entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), houve um episódio curioso. Um parlamentar, empolgado com sua nova silhueta, acabou passando mal após o encontro, vítima dos efeitos colaterais do medicamento.
O referido senador aguentou firme até o final da agenda, mas após o término da reunião foi surpreendido pelos efeitos adversos do remédio, experimentando uma série de sintomas desconfortáveis, incluindo uma diarreia intensa e vômitos.
Ele admitiu na terça-feira (5) que "caiu na besteira" de experimentar o medicamento em busca de uma perda de 6 kg, e agora estava "sofrendo para caramba" há três dias. Preocupado com sua saúde, confessou que "achou que iria ter um troço".
Riscos do Mounjaro
O Mounjaro é um medicamento injetável utilizado para o tratamento de diabetes tipo 2 em adultos.
Sua ação se dá como um agonista duplo do receptor GLP-1 e GIP, o que significa que ele imita os efeitos de dois hormônios intestinais que auxiliam no controle do açúcar no sangue.
No Brasil, o Mounjaro recebeu aprovação da Anvisa em setembro de 2023 para o tratamento da diabetes tipo 2 em adultos.
Embora sua comercialização ainda não tenha sido iniciada no país, a empresa farmacêutica Eli Lilly, responsável por sua produção, está em processo de regularização junto à Anvisa para viabilizar sua venda.
Para o tratamento da diabetes tipo 2, o Mounjaro apresenta diversos benefícios, incluindo a redução dos níveis de açúcar no sangue, a perda de peso corporal e a melhora da função cardiovascular.
Segundo a médica endocrinologista Carolina Aloan, os critérios para uso do medicamento são um IMC de 30 ou mais, que já está classificado como obesidade, ou um paciente que tem sobrepeso e apresenta alguma comorbidade relacionada a esse sobrepeso. Portanto, seja hipertensão, problemas de colesterol, diabetes tipo 2, apneia obstrutiva do sono (uma doença em que o paciente tem dificuldade para respirar à noite) ou doença cardiovascular estabelecida.
Apesar dos eventuais benefícios do remédio, a médica alerta sobre os riscos, especialmente os principais efeitos adversos dessa medicação.
“Os efeitos adversos são do trato gastrointestinal, incluindo diarreia, náusea, vômito e dor abdominal, mas isso pode diminuir com o tempo de uso. O que não podemos prescrever é para pessoas que têm histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular da tireoide, que é um tumor raro, mas maligno. Alguns estudos mostraram que a prescrição dessa medicação aumentou a incidência desse tipo de câncer em ratos. Portanto, não deve ser prescrita se a pessoa teve histórico de carcinoma medular da tireoide ou se possui histórico familiar.”