Investigação

CPI da Covid: Saiba quem é Marcos Tolentino, suposto sócio oculto da FIB Bank

Dono da Rede Brasil de Televisão é suspeito de ser sócio oculto da FIB Bank, que teria fornecido à Precisa uma garantia irregular em contrato da Covaxin

Por Renato Alves
Publicado em 14 de setembro de 2021 | 09:13
 
 
 
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid espera ouvir nesta terça-feira (14) o advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva. A oitiva do suposto sócio oculto da empresa FIB Bank, já tinha sido cancelada em 1º de setembro, após Tolentino faltar ao colegiado. Na reunião anterior, ele apresentou um atestado médico e alegou que estava internado, situação que desagradou os senadores.

O depoimento de Tolentino, dono da Rede Brasil de Televisão, é um dos mais aguardados pela CPI. Ele é suspeito de ser um “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que teria fornecido à Precisa uma garantia irregular no fechamento do contrato da vacina indiana Covaxin. Segundo senadores, ele seria ligado ao deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, apontado por parlamentares como articulador de negociações sob suspeita de irregularidades. 

No depoimento de Ricardo Pereira Júnior, diretor do FIB Bank, Tolentino foi definido pelo depoente como sócio de outra empresa com participação no FIB Bank, a Pico do Juazeiro Participações.

Porém, segundo a CPI, o endereço da emissora de Tolentino seria o mesmo da Pico do Juazeiro, e o mesmo número de telefone do escritório de advocacia de Tolentino em São Paulo aparece em outra empresa acionista do FIB Bank.

Além disso, os senadores devem questioná-lo acerca de sua proximidade com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara.

Marcos Tolentino e o parlamentar teriam participado de uma reunião com o dono da Precisa, Francisco Maximiano, antes do fechamento de contrato das doses da Covaxin. Nessa reunião, a suspeita da comissão de inquérito é de que Tolentino teria aproximado Francisco Maximiano ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Com isso, as questões no depoimento de Tolentino buscarão esclarecer mais um capítulo do conturbado contrato da Precisa com o Ministério da Saúde.

Contrato bilionário

Entre os pontos de destaque frequentemente apontados pelos senadores está a dúvida sobre como a empresa conseguiu fechar um acordo de R$ 1,6 bilhão, em fevereiro de 2021, tendo uma fiadora suspeita de utilizar “laranjas” em sua formação, com histórico de falta de entrega de medicamentos no passado por parte de outra empresa de Maximiano, com uma operação no Distrito Federal mirando possíveis adulterações em testes da Covid-19 – na qual a Precisa é citada – e, também, com falsificações nos documentos que deveriam ser avalizados pela Bharat BioTech, farmacêutica responsável pela vacina.

A hipótese de que haveria um ou mais “facilitadores políticos” para que a empresa pudesse operar com proximidade ao ministério é uma das mais fortes entre senadores da cúpula da CPI. O nome de Tolentino faz parte dessa hipótese.

Delação premiada

Em rodas de conversa e entrevistas, Marcos Tolentino gosta de falar da trajetória do filho de um vendedor de carros que se tornou advogado e dono da quinta maior rede de televisão do país. Por outro lado, ele coleciona problemas na Justiça que vão além dos investigados agora pela CPI da Covid.

Marcos Tolentino  tem um acordo de delação firmado no âmbito da Operação Ararath, em Mato Grosso, no qual se comprometeu a pagar R$ 3 milhões aos cofres públicos para obter perdão judicial.

Na Operação Ararath, Tolentino se viu envolvido ao negociar a venda de uma retransmissora de sua TV em Cuiabá, ocorrida em 2009.

Dessa quantia, um terço foi destinada em 2020 por um juiz federal para a construção de um laboratório de testes da Covid-19 no estado.

Tolentino se tornou réu em 2016 acusado de lavagem de dinheiro em um processo que aborda a compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado.

Em 2018, fechou um acordo homologado pela Justiça no qual o Ministério Público Federal estipulou que ele não poderia sair do país sem autorização judicial. Em 2014, um de seus endereços havia sido alvo de buscas da Polícia Federal na Ararath — ele não foi preso.

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