A retirada de Estados e municípios da reforma da Previdência é um desastre para os entes federativos que terão que fazer o difícil dever de casa sozinhos. Aprovar mudanças para os servidores estaduais nas assembleias, próximas daqueles que serão afetados diretamente pelas mudanças, é infinitamente mais difícil. Para governadores novos e sem base consolidada, como é o caso de Romeu Zema em Minas Gerais, torna-se missão quase impossível. E isso é absolutamente preocupante diante do cenário horrendo das contas públicas.
O governo federal também apanhou mais do que bateu ontem em Brasília. Além das diversas mudanças que devem reduzir o potencial de economia da reforma de cerca de R$ 1,2 trilhão para algo próximo de R$ 800 bilhões, o Executivo ainda foi derrotado no debate sobre a revogação decreto das armas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, viu o STF garantir maioria contra a extinção dos conselhos na administração pública, e ainda assistiu de camarote sua base protagonizar uma comédia pastelão na Comissão de Segurança Pública da Câmara.
Nesse caso específico, um requerimento para convidar o jornalista Glenn Greenwald para prestar depoimento foi o motivo da confusão. O requerimento foi feito pelo deputado Daniel Silveira, do PSL do Rio, um dos nomes mais combatidos na base governista. Porém, a situação mudou quando a oposição passou a apoiar o convite, avaliando que ele poderia usar o espaço para revelar novas informações relacionadas ao ministro Sergio Moro. Com isso, grande parte dos governistas passaram a se colocar contra o requerimento. O deputado Daniel Silveira, autor do convite, pediu para que o documento fosse ignorado. Outros governistas insistiram em mantê-lo de pé. Com isso, não houve votação. O deputado Alexandre Leite, do DEM, resumiu que seu partido parecia o cuidador e, o PSL, o menor inimputável que, a qualquer momento, pode fazer uma besteira que prejudica o governo.
Ouça o comentário do editor de Política Ricardo Corrêa: