A crise fiscal é sem precedentes. Os pagamentos de salários estão escalonados desde 2016. O décimo terceiro de 2018 só foi quitados integralmente em outubro deste ano. Apesar da situação gravíssima dos cofres do Estado, as entidades sindicais de servidores públicos dizem entender que o “cobertor é curto” e avaliam que o governador Romeu Zema (Novo) tem demonstrado boa vontade com o funcionalismo.

Tanto que a conversa recorrente entre os representantes dos servidores públicos é que, embora haja falta de dinheiro, a equipe de governo tem mantido transparência e optado pelo diálogo com as categorias. As entidades sindicais, inclusive, destacam como ponto positivo da nova gestão uma maior abertura de negociação e veem com otimismo os próximos anos de mandato. “Zema está tentando negociar. A gente tem visto boa vontade nele”, avalia o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol), José Maria Cachimbinho.

A boa avaliação da gestão estadual entre as entidades contrasta com o receio do início do ano. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais (Sindpúblicos), Geraldo Henrique, não esconde que a associação temeu ao ver, em 2018, o nome de Romeu Zema confirmado nas urnas para o governo de Minas. A inexperiência do novo governador com o setor público era o principal motivo para a desconfiança da categoria.

“Ficamos com o pé atrás. Um exemplo foi quando, na campanha, ele disse que não conhecia a Fundação Ezequiel Dias (Funed). Isso nos assustou. Mas hoje ele está convivendo com as diversas autarquias do Estado, com as secretarias. Está tudo dentro da normalidade”, disse Geraldo Henrique.

Nos primeiros dias, o desenho do que seria o mandato de Zema também preocupou os servidores da Polícia Civil, que viam no governador alguém que enxergava os servidores como empregados pouco produtivos. “Ele deixou o funcionalismo um pouco assustado, acredito que pela falta de conhecimento. Ele achava que o funcionário público tinha que ser tratado como o pessoal da iniciativa privada. Com o tempo, ele mudou, porque viu que a coisa não era do jeito que ele estava imaginando”, pontuou Cachimbinho.

Críticas

As entidades sindicais, porém, assinalam o que avaliam ser equívocos do primeiro ano de mandato de Zema. Uma das críticas está relacionada ao envio do projeto que antecipa os recebíveis do nióbio pelo governo de Minas. Na opinião dos sindicatos, a tramitação poderia ter sido muito menos conturbada e ágil se o Executivo mineiro tivesse enviado o texto em caráter de urgência para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “É fundamental para os servidores entrarem o ano de 2020 com seu pagamento em dia e com o décimo terceiro pago”, destacou Geraldo Henrique.

As entidades também acreditam que o governo precisa valorizar em vez de privatizar as estatais, como a Cemig. “É uma empresa estratégica. O Estado e sua população jamais podem abrir mão disso”, completa o presidente do Sindpúblicos.

Empresários esperam melhora

A eleição de Romeu Zema aumentou a esperança de empreendedores na melhora do ambiente de negócios em Minas. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o governo tem tido sensibilidade com o tema. “O diferencial do governo é essa mentalidade muito voltada para o desenvolvimento econômico. Não que os outros não tiveram, mas esse é o foco dele, por meio do qual pretende atingir o desenvolvimento social”, afirma Roscoe.

Uma das principais pautas dos empresários é a desburocratização de processos, já que, na avaliação de empreendedores, o excesso de regras prejudica o ambiente de negócios no Estado. De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), ações concretas devem ser vistas no próximo ano. “Este primeiro ano foi de reconhecimento dos problemas. A partir do próximo ano, devemos começar a ter medidas que tragam resultados”, defende Simões.