Nenhum dos três comandantes das Forças Armadas Brasileiras se pronunciaram sobre os atos terroristas, do último domingo (8), em Brasília. As Forças Armadas, até o momento, são as únicas instituições de Estado que se mantêm em silêncio diante dos acontecimentos.
O silêncio das três forças (Exército, Marinha e Aeronáutica) chama atenção, uma vez que é, justamente, na frente de quartéis que bolsonaristas armaram acampamentos desde o fim do segundo turno e cobram intervenção militar por não aceitarem o resultado das urnas, que deu a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Após os acontecimentos de 8 de janeiro grande parte das instituições brasileiras prontamente se pronunciaram. Todos os chefes dos poderes emitiram nota repudiando e cobrando o cumprimento da lei. Foi o caso do presidente Lula, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) e da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) , ministra Rosa Weber. O próprio STF emitiu uma nota oficial repudiando os atos. A sede do Supremo foi um dos alvos da invasão e quebra-quebra providos por bolsonaristas no último domingo.
Nos Estados, os governadores também se pronunciaram e repudiaram os atos. Em Minas, o governador Romeu Zema afirmou que “a liberdade de expressão não pode se misturar com depredação de órgãos públicos”. Diversas entidades e órgãos da sociedade civil também se pronunciaram condenando os atos.
Em nenhum momento, desde o fim da eleição, as Forças Armadas se colocaram contra aos movimentos que pedem o cancelamento das eleições alegando fraude nas urnas. Um relatório feito pelo Exército, ainda sob o governo do ex-presidente Bolsonaro (PL), colocou dúvida sobre o processo eleitoral por afirmar não ser possível comprar se há ou não fraude nas urnas por falta de informações disponibilizadas pelo TSE. No novo governo, os três comandantes foram trocados pelo atual presidente Lula, mas, nenhum dos três se pronunciaram a respeito dos atos terroristas.
Após os dia 8 de janeiro, os acampamentos foram desmontados e bolsonaristas que estavam no QG de Brasília foram presos após determinação do Ministério da Justiça e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Pressão sobre Múcio
O ministro da Defesa José Múcio, nomeado por Lula, não fez nenhuma declaração acerca dos atos promovidos por bolsonaristas. Anteriormente, Múcio havia sido criticado por ter dito que os manifestantes que estavam protestando em frente aos quartéis não podiam ser classificados como golpistas e o diálogo seria o melhor caminho.
Dentro do PT, segundo informação de bastidor, há uma pressão pela exoneração do atual ministro da Defesa. Segundo a avaliação de alguns petistas, teria faltado comando por parte dele para que as Forças Armadas pudessem desmontar os acampamentos bolsonaristas que estavam em frente aos quartéis, principalmente o de Brasília, de onde partiram os terroristas que invadiram a praça dos Três poderes no último domingo.