Eleito nesta segunda-feira (12) presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte para os próximos dois anos, o vereador Gabriel Azevedo (sem partido) poderá ter em mãos um “atalho” para chegar à cadeira de prefeito antes de 2024: o pedido de impeachment contra Fuad Noman (PSD) protocolado na Casa em meio à disputa pelo comando do Legislativo.
Uma eventual cassação de Fuad levaria Gabriel ao cargo de prefeito. Fuad assumiu o posto após Alexandre Kalil (PSD) se desincompatibilizar para disputar a eleição para governador deste ano. Assim, ele não tem um vice-prefeito, e o presidente da Câmara seria o primeiro na linha sucessória. No “efeito cascata”, o vereador Juliano Lopes (Agir), eleito vice-presidente, chegaria à presidência do Legislativo.
Gabriel protagonizou uma virada na disputa, que tinha até um dia antes três candidatos: Bruno Miranda (PDT), nome da prefeitura; Juliano Lopes (Agir), pelo grupo chamado “Família Aro” (liderado pelo deputado federal Marcelo Aro); e Gabriel, que mantinha uma candidatura independente. Apesar de ter sinalizado aproximação com Fuad, Gabriel começou o dia reunido com a Família Aro e desbancou Juliano, que seria o candidato do grupo.
Após a vitória, Gabriel Azevedo minimizou o peso do pedido de impeachment como uma espécie de passaporte antecipado para a PBH. No entanto, nos bastidores, a interpretação é a que o vereador “colocou um primeiro pé na prefeitura”, que ele planeja disputar em 2024.
“Este pedido de impeachment é uma baboseira. Foi recebido de forma protocolar pela presidente Nely Aquino (Podemos) e não terá seguimento aqui, na Casa. O prefeito pode ficar tranquilo no cargo dele, que, se um dia eu quiser ocupar a prefeitura, eu subo os degraus com o voto popular”, garantiu Gabriel, que, logo após a votação, foi até a prefeitura se encontrar Fuad.
O pedido chegou à Casa na semana passada, protocolado pelo advogado Mariel Marra, acusando Fuad de nepotismo cruzado ao nomear parentes de vereadores em uma suposta compra de votos para a eleição da Mesa Diretora. A atual presidente afirmou que apenas seguiu o trâmite protocolar de pedidos de impeachment.
“Não abri nenhum processo de impeachment. O que aconteceu é que chegou o pedido, e eu preciso receber e encaminhar à Procuradoria para análise de admissibilidade. Caso a Procuradoria dê um parecer pela admissibilidade, a presidência coloca em votação no plenário”, explicou.
Vereadores governistas, após a derrota de Claudiney Dulim (Avante), demonstraram receio de que Gabriel possa perseguir os vereadores do grupo derrotado e Fuad. “Teremos mais dois anos dessa gestão, nesses dois anos veremos movimentos de CPI mesmo sem consistência técnica, a palavra ‘impeachment’ vai rondar a Casa, e depois vocês pesquisam os 20 vereadores que votaram contra o grupo vencedor. Em quais comissões seremos colocados e quais projetos nossos terão andamento”, disse Wanderley Porto (Patriota), vice-líder do governo.