BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã desta quarta-feira (3) no Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência em Brasília (DF). O encontro não estava na agenda de nenhum dos dois, mas era previsto para discussão do corte de gastos públicos e da alta do dólar.

O mercado financeiro liga a disparada do dólar a ações de Lula e do governo federal. Na terça-feira (2), a moeda americana fechou o dia na casa dos R$ 5,66, o maior patamar desde 10 de janeiro de 2022. Ao longo do dia, o dólar chegou a atingir a marca de R$ 5,70. Para o presidente, o mercado faz “especulações” sobre a moeda.

A situação também fica tensionada pelas reiteradas críticas de Lula ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, especialmente pela taxa de juros (atualmente em 10,5% por decisão do Conselho de Política Monetária, o Copom).  

Segundo Lula, a situação “vai melhorar” quando ele trocar o comando do BC no final deste ano, quando acabar o mandato de Campos Neto (que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).  

“É importante lembrar que ele [Campos Neto] é presidente do BC do governo anterior, que ele pensa ideologicamente igual ao governo anterior, e é importante lembrar que eu penso que ele não está fazendo o que deveria ter feito corretamente”, disse em entrevista à FM O TEMPO 91,7, em Minas Gerais, na última semana.

Já o corte de gastos exige do governo uma análise no orçamento. Após audiência no Senado também na terça-feira que, “no primeiro momento”, não vê “necessidade” de fazer contingenciamento. Ela ressaltou, porém, que ainda depende dados que serão fornecidos pela Receita Federal para que o governo tome a decisão final.  

"Por que essa resposta ainda é prematura? A gente depende da Receita [Federal] nos informar. A SOF [Secretaria de Orçamento Federal] faz a análise da receita versus despesa e aí a gente discute se vai ter que ter bloqueio, se vai ter que ter contingenciamento, se vai ter que ter bloqueio e contingenciamento, e de qual é o tamanho desse bloqueio e/ou contingenciamento. Ninguém tem a resposta. No primeiro momento, a gente não está vendo a necessidade [de contingenciamento]”, declarou.

Além do encontro com Haddad na manhã desta quarta-feira, Lula deve se reunir, às 16h30, com a equipe econômica do governo. Devem estar presentes os ministros da Fazenda e do Planejamento, da Casa Civil, Rui Costa, e da Gestão e Inovação, Esther Dweck.