BRASÍLIA - O diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Marco Cepik, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (10), por motivos pessoais. O atual secretário de Planejamento e Gestão da agência, Rodrigo de Aquino, assume o cargo.
Conforme nota divulgada pela agência, Cepik é professor titular do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e pretende dar continuidade a projetos acadêmicos.
Ainda segundo o órgão, Cepik atuou como diretor da Escola de Inteligência (Esint) entre 2023 e 2024 e, desde então, exerce o cargo de diretor-adjunto. Ele é considerado um dos principais pesquisadores da área de inteligência governamental.
Cepik assumiu o lugar de Alessandro Moretti, demitido em janeiro de 2024 pelo presidente Lula (PT) após ele ter sido citado pela Polícia Federal em operação sobre o suposto uso da Abin para um esquema de espionagem de opositores do governo de Jair Bolsonaro. Em uma reunião, Moretti teria afirmado que a apuração sobre o caso tinha "fundo político e iria passar". O então número dois da agência é delegado da Polícia Federal.
Moretti foi exonerado no início de 2024
Em janeiro de 2024, Lula chegou a afirmar que "não havia clima" para a permanência de Moretti na Abin, caso ficasse comprovado que ele favoreceu indivíduos sob investigação da Polícia Federal e manteve laços com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
A Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal naquele mês, visava investigar a denominada "Abin paralela". Segundo a corporação, uma organização criminosa se instalou dentro do órgão de inteligência do governo federal durante a gestão do ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem.
Na declaração, Lula não mencionou diretamente Alessandro Moretti, mas ressaltou a existência de "um cidadão" dentro da Abin que mantinha relação com Ramagem, afirmando que, se isso fosse verdade, não havia ambiente para a continuidade desse "indivíduo".