BRASÍLIA - O presidente nacional do PP e senador Ciro Nogueira (PI), aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que “há uma pressão” para que o partido que comanda não tenha nomes no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele falou em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (6).
De acordo com Ciro, “partidariamente, o PP não tem nenhuma vinculação” com o governo. Ele contou que o ministro do Esporte, André Fufuca, que é filiado ao partido, “tomou a decisão de aceitar um convite pessoal” de Lula ao integrar o primeiro escalão da equipe ministerial.
"Tem aumentado muito a pressão dentro do nosso partido. Não digo nem de desembarcar do governo, porque nós nunca entramos. O PP, como partido político, nós nunca tomamos a decisão de apoiar este governo, indicar alguém nesse governo”, disse.
Ciro Nogueira disse que a situação “tem criado um certo constrangimento dentro do partido” e gerou uma pressão para que ele reúna as lideranças e “tome uma decisão”, o que deve acontecer a partir da próxima semana. “É uma situação que tem crescido no partido para que nós não tenhamos ninguém filiado ao nosso partido participando de qualquer gestão nesse governo”.
Além de Fufuca, o PP tem o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Mas, segundo Ciro, essa também não foi uma indicação partidária, e sim pessoal do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
O desembarque de partidos do Centrão do governo Lula ganhou força depois que o presidente não privilegiou nomes do grupo político nas trocas ministeriais feitas até agora. A Secretaria de Relações Institucionais, que chefia a articulação política do governo, era cobiçada pelo Centrão, mas foi entregue para Gleisi Hoffmann, do PT.
Além disso, a situação é inflamada pela crise de popularidade a que Lula passa. Em seu terceiro mandato, o petista tem enfrentado desaprovações históricas, inclusive em Estados em que sua avaliação positiva sempre superou a negativa.