BRASÍLIA - A troca de comando do Ministério das Mulheres é a sexta troca que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez desde janeiro deste ano. Além de mudanças na “cozinha” do Palácio do Planalto e em pastas sociais, dois ministros caíram recentemente em meio a escândalos políticos. 

As substituições pontuais ocorrem em meio à tentativa frustrada de uma ampla reforma ministerial, prometida ainda no fim do ano passado por Lula, mas que não saiu do papel. Antes disso, nos dois primeiros anos do terceiro mandato do petista, outras seis trocas já haviam sido feitas. 

Ainda em janeiro, o marqueteiro Sidônio Palmeira assumiu o lugar do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) na chefia da Secretaria de Comunicação Social (Secom). O parlamentar foi criticado publicamente pelo presidente em função do desempenho à frente da pasta.  

Em seguida, Lula demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde, substituindo-a por Alexandre Padilha (PT). No lugar dele, a então presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, foi nomeada como ministra responsável pela articulação com o Congresso Nacional. 

Outras mudanças recentes ocorreram na Esplanada devido a escândalos políticos. Em abril, Juscelino Filho deixou o Ministério das Comunicações após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusou de corrupção passiva por envolvimento em desvios de emendas parlamentares.

O comando da pasta foi assumido por Frederico Siqueira, então presidente da Telebras, indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil - AP). Já na última sexta-feira (2), o governo computou mais uma baixa. Carlos Lupi pediu demissão do Ministério da Previdência Social.

A saída ocorreu após uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar um esquema de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz (PDT), assumiu o comando do ministério no mesmo dia.

Mais mudanças podem ocorrer

Outra possibilidade avaliada por interlocutores é a troca na Secretaria-Geral da Presidência, que atualmente tem Márcio Macêdo como chefe. A expectativa é de que a bancada do PSD na Câmara seja contemplada. Os deputados do partido estão insatisfeitos com o Ministério da Pesca, hoje com André de Paula, e querem uma pasta com Orçamento mais significativo.

Trocas feitas em 2023 e 2024

A primeira troca foi feita ainda em abril de 2023 e ocorreu de forma isolada. Na época,  o general Gonçalves Dias deu lugar ao também general Marcos Antônio Amaro. O então ministro pediu demissão após imagens mostrarem sua presença no Palácio do Planalto durante os atos de 8 de janeiro de 2023.

Já em julho de 2023, Daniela Carneiro, então ministra do Turismo, pediu desfiliação do União Brasil, partido que havia indicado seu nome. E, em resposta, o presidente Lula nomeou o deputado federal Celso Sabino (União Brasil - PA) para a pasta. Ele assumiu o cargo em agosto do mesmo ano. 

Outras trocas alterações no desenho da Esplanada foram feitas ao longo de 2023 para dar mais espaço a partidos aliados, em troca de apoio político. O presidente, por exemplo, demitiu a atleta Ana Moser do comando do Ministério dos Esportes. O deputado federal André Fufuca, do PP do Maranhão, assumiu o cargo. 

Na mesma reforma, Márcio França, do PSB, saiu da pasta de Portos e Aeroportos, para dar lugar a Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), e foi realocado na pasta de Empreendedorismo e Microempresa, de menor expressão. Essas mudanças foram feitas durante o segundo semestre de 2023. 

No começo do ano passado, Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), aberta com a aposentadoria de Rosa Weber. O cargo de ministro da Justiça foi ocupado pelo ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski.

Ainda em 2024, o presidente demitiu Silvio Almeida, então ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, após denúncias de assédio sexual - uma delas envolvia a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco. Em seu lugar, Lula nomeou Macaé Evaristo para comandar a pasta.