BRASÍLIA - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou uma carta ao governo dos Estados Unidos em que cobra respostas sobre a proposta brasileira de negociação em torno das tarifas impostas pela gestão de Donald Trump aos produtos brasileiros.

A carta é assinada pelo vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, pelo Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e endereçado ao Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.

No texto, o governo cita que apresentou, em 16 de maio, uma “minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação” para explorar soluções. O governo americano não respondeu ao documento.

“Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira”, diz a carta.

No carta, Alckmin e o Itamaraty manifestam “indignação” com o anúncio de tarifas de importação de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. 

“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”.

O governo brasileiro ainda afirma ter estabelecido, desde o primeiro anúncio de sobretaxas contra o Brasil, em abril, um diálogo “ de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços”.

“Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano”, complementa.

Alckmin tem estado à frente das tentativas de negociação do Brasil para reverter o tarifaço de Trump. Durante esta semana, tem se reunido com empresários de setores da indústria e do agronegócio para discutir soluções à crise. O vice-presidente tem reiterado que o foco é avançar em articulações junto a interlocutores americanos para evitar que se recorra a retaliações comerciais.