BRASÍLIA - O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (17/7) que o governo brasileiro ainda aguarda resposta à carta enviada aos Estados Unidos cobrando resposta a uma proposta enviada pelo Brasil no dia 16 de maio.

"Estamos aguardando sobre a carta, faz 24 horas que enviamos aos Estados Unidos. E vamos aguardar que vai ter daqui a pouquinho o pronunciamento do presidente Lula sobre essa questão Brasil e Estados Unidos e as tarifas", disse a jornalistas, referindo-se ao pronunciamento do presidente Lula em rádio e TV.

Segundo Alckmin, que coordena o comitê criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar sobre o tema com os empresários, nesta quinta-feira houve um encontro por videoconferência com o CEO da Fórum, que são grandes empresas brasileiras que têm investimentos nos Estados Unidos. "Foi um encontro extremamente positivo", avaliou o vice-presidente.

"Tivemos também com a Associação Brasileira de Indústria de Semicondutores da ABCEME. Outros setores, como o setor pneumático, que tem 35% das exportações para os Estados Unidos. Tivemos com o embaixador Patriota, que é o representante do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio). Então, temos um conjunto de tratativas aí", acrescentou.

O governo brasileiro apresentou, no dia 16 de maio, uma proposta confidencial aos Estados Unidos, enumerando um conjunto de itens em que se poderia avançar no acordo comercial, mas não houve resposta.

Por isso, na terça-feira (15/7), Alckmin e o chanceler Mauro Vieira assinaram um documento, entregue ao secretário Howard Lutnick e ao embaixador Jeremy Greer, do Unites States Trade Representative, pedindo uma resposta ao documento que foi encaminhado para a negociação.

Alckmin já afirmou que o governo espera resolver até o dia 1º de agosto a questão sobre as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump às exportações brasileiras para os Estados Unidos. Mas ele não descarta pedir adiamento da data para início da cobrança da nova taxa, prevista para o dia 1º de agosto.

"Olha, o que que eu tenho ouvido e e acho que esse é um pensamento comum do presidente Lula e dos empresários aqui envolvidos, do setor industrial, do agro, serviços, comércio. Nós queremos negociação, é urgente, o bom é que se resolva aí nos próximos dias. Se houver necessidade nessa negociação de prorrogar, não vejo o problema. Agora, o importante é resolver", disse.

Entenda a crise do tarifaço

Na semana passada, o presidente norte-americano Donald Trump endereçou uma carta ao presidente Lula para informar sobre a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre todas as exportações brasileiras nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto.

Desde o anúncio, o presidente tem ameaçado usar a Lei da Reciprocidade, que permite ao Brasil adotar medidas contra países que impõem tarifas unilaterais. No entanto, a medida não deve ser adotada. O governo tem buscado o diálogo com os setores do empresariado e do agronegócio. 

Mais cedo, em entrevista à CNN Internacional, o presidente Lula afirmou que está disposto a negociar com o governo dos Estados Unidos, mas que não aceita ser “refém”