BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou nesta sexta-feira (5/9) para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a porta-voz da União Europeia (UE).
Segundo o Palácio do Planalto, a conversa durou cerca de 20 minutos e teve como foco as relações comerciais entre o Brasil e o bloco europeu, principalmente as negociações em torno do acordo Mercosul-UE, que está em fase final de elaboração.
O tema é uma das prioridades do governo brasileiro na política externa em 2025. Exercendo a presidência rotativa do Mercosul, Lula espera que o acordo seja assinado pelos dois blocos econômicos até o fim do ano. No entanto, há resistência de países europeus, como a França, que sofre pressão interna de agricultores que temem a concorrência facilitada de produtos brasileiros.
No telefonema, Lula saudou o envio do acordo para aprovação pelo Conselho Europeu e reiterou a expectativa de assinatura definitiva até dezembro, quando ocorrerá a Cúpula do Mercosul, em Brasília.
“O presidente Lula também defendeu que qualquer regulamento sobre salvaguardas que seja adotado internamente pela UE esteja em plena conformidade com o espírito e os termos pactuados no Acordo”, diz o comunicado do Planalto.
Na conversa, Lula e von der Leyen destacaram que a parceria entre os blocos ocorre em um momento de “incerteza e desestruturação do comércio internacional”, com o tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra países do mundo inteiro.
Desde agosto, Lula tem tido diversas conversas com líderes internacionais para tratar do tarifaço e da ampliação de parceiros comerciais. Entre eles, os presidentes da França, Emmanuel Macron; da Rússia, Vladimir Putin; do México, Cláudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Meio ambiente
A conversa entre Lula e Ursula von der Leyen também abordou a pauta ambiental e o enfrentamento da crise climática. Os dois líderes prometeram cumprir metas “ambiciosas” de redução nas emissões de carbono, no âmbito do Acordo de Paris, e o presidente brasileiro reiterou que a COP30 será “a COP da verdade, quando os líderes mundiais poderão refutar o negacionismo e apresentar compromissos concretos de transição para uma economia verde”.
Von der Leyen não confirmou, porém, se vai comparecer à COP30, em novembro, na cidade de Belém. O governo brasileiro corre contra o tempo para assegurar que países e organizações globais confirmem presença na cúpula do clima, que enfrenta problemas de logística na capital paraense.