BRASÍLIA - A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “não quer conversar agora” sobre a tarifa de 50% imposta ao Brasil e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só irá procurá-lo quando houver uma abertura para isso. De acordo com ela, esse diálogo não pode acontecer como um “telemarketing”.
“Primeiro, vamos recordar que o presidente Trump disse que não quer conversar agora, então não adianta o presidente Lula buscar a conversa. Uma negociação entre dois chefes de Estado tem uma preparação dos negociadores para que isso aconteça, não é um telemarketing em que você pega o telefone, dá um ‘alô’ e se colar, colou”, declarou nesta terça-feira (29/7).
Gleisi, que é chefe da articulação política do governo federal, frisou que “Lula nunca ficou indisposto de conversar” com Trump, mas irá esperar a sinalização desse canal por autoridades americanas em um rumo de definição comercial. De acordo com ela, a soberania do Brasil não está na mesa de negociação.
Antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também defendeu uma negociação diplomática prévia para uma conversa entre Lula e Trump, mas sinalizou que já há um interesse transmitido por empresários norte-americanos.
"Acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenha se passado um pouquinho e que queiram conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá", afirmou Haddad.
Gleisi chama Eduardo Bolsonaro de 'traíra'
Em entrevista no Palácio Itamaraty, a ministra ainda criticou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). "Esse é um traíra. Ele, Eduardo Bolsonaro, comete crime de lesa-pátria. Não tem o direito de continuar deputado pelo Brasil. Eu espero que o Congresso Nacional e a Câmara dos Deputados tomem medidas para que esse traíra não possa representar mais nenhuma instituição brasileira", concluiu Gleisi.
Eduardo se licenciou do mandato em março e está nos EUA desde então em busca de sanções contra autoridades brasileiras que conduzem processos contra sua família. É o caso, por exemplo, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado que tem como um dos réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado, cuja licença terminou em 20/7 e, após o retorno do recesso parlamentar, será considerado deputado faltoso caso não justifique as ausências, também tem dito que a condição para que Trump negocie a sanção comercial ao Brasil passa pelo avanço da anistia aos réus e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023
A tarifa sobre produtos exportados do Brasil foi anunciada por Trump em 9/7, em uma carta direcionada a Lula e que indicou, como um dos motivos, o processo contra Bolsonaro. A cobrança entrará em vigor na próxima sexta-feira (1º/8), sem que o governo dos EUA tenha indicado possibilidade de adiamento.