BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31/7) que as exceções ao tarifaço do governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros tornaram a situação melhor do que o esperado para o avanço das negociações.

O anúncio feito na quarta-feira (30/7) pelo governo Donald Trump aponta que 43% das exportações brasileiras aos EUA estarão isentas da tarifa de 50% imposta pela gestão de Donald Trump, totalizando 694 produtos.

“Estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada. Há muita injustiça nas medidas anunciadas ontem, há correções a serem feitas, há setores que não deveriam estar sendo afetados. Mas há casos dramáticos que deveriam ser considerados imediatamente”, disse Haddad a jornalistas.

O ministro também afirmou que tendo em vista o detalhamento das medidas pelos EUA, será possível o governo brasileiro ajustar o programa de proteção a empregos na indústria e no agronegócio, que está em fase de elaboração e deve contemplar setores afetados pelo tarifaço. As medidas devem ser anunciadas no início de agosto.

“Vamos agora calibrar. À luz do que foi anunciado ontem, vamos fazer uma calibragem para que isso possa acontecer. Os atos estão sendo preparados na Fazenda pra enviar para a Casa Civil”, destacou.

Haddad reforçou que o Brasil “nunca saiu da mesa e não é agora que vai sair”. Segundo ele, deve ser agendada nos próximos dias uma nova conversa com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o equivalente ao ministro da Fazenda do governo americano. “Nada do que foi decidido ontem não pode ser revisto”, sublinhou.

Sanções a Moraes

Fernando Haddad ainda comentou a aplicação da Lei Magnitsky sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi alvo de uma série de restrições pelo governo americano. Para o ministro da Fazenda, “perseguir” Moraes é um erro cometido pelos EUA.

“E também explicar como funciona nosso Poder Judiciário. Tem que haver uma compreensão, de uma democracia, como funciona a outra democracia. E quando não funciona, ou quando se tem a percepção de que não funciona bem, tem o comitê de Direitos Humanos da ONU”, argumentou.

“Alguém está incomodado? Tem dez instâncias para recorrer. Não precisa recorrer à agressão de uma potência externa contra os interesses do Brasil. Faz o que o presidente Lula fez [quando foi preso], recorre”.