BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (8) que existe uma articulação entre parlamentares para “sabotar” o governo e inviabilizar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pensando nas eleições de 2026.

Na avaliação do ministro, a derrubada do decreto do Planalto que reajusta valores do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) é uma demonstração desse movimento.

“A impressão que dá é que tem algumas pessoas querendo sabotar o crescimento econômico do país. A troco de que? Da eleição do ano que vem?”, questionou, em entrevista ao portal Metrópoles.

Haddad fez críticas à oposição, de quem partiu a iniciativa para derrubar o decreto, e atribuiu aos bolsonaristas a dificuldade para o governo custear despesas básicas, como das Forças Armadas.

“A extrema-direita é antinacional. Ela não está colaborando com os interesses nacionais. Hoje, em virtude dessa oposição completamente irresponsável, estamos deixando as Forças Armadas, que não têm verbas vinculadas, sem recurso. O Itamaraty sem recurso. Tudo isso para beneficiar meia dúzia de empresários”, disse.

Após o governo ter judicializado o impasse entre Executivo e Legislativo pelo IOF,o tema deve ser decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que marcou uma audiência de conciliação para o próximo dia 15. Haddad elogiou a decisão do ministro Alexandre de Moraes.

“O STF não está derrotando o Congresso. Ele está dizendo como têm de funcionar as emendas para que o equilíbrio entre os Poderes seja restabelecido. Não é uma derrota do Congresso, é uma harmonia entre os Poderes”, declarou.

O ministro ainda defedeu que o cumprimento da meta fiscal de 2025 deve ser uma tarefa dividida entre os Três Poderes. Para ele, além do governo federal, o Congresso Nacional e o Judiciário também precisam dar suas contribuições e cortar despesas. O petista ainda fez críticas ao volume de isenções fiscais do país.

"De novo, é uma tarefa dos três Poderes cumprir a meta do ano. Se cada Poder usar das suas prerrogativas para conter o gasto e não contribuir para o corte de gastos tributário, que no Brasil chegou a patamares absurdos, vamos ter mais dificuldade de cumprir a meta".

Relação com Hugo Motta

Fernando Haddad negou que tenha havido um estremecimento de sua relação com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), após a derrubada do IOF. Ele minimizou o fato de o parlamentar ainda não ter retornado sua ligação após a votação, há quase duas semanas.

“Vamos nos ver em breve. Olha, quando um não quer, dois não brigam. Nós não vamos brigar, porque, no caso aqui, nenhum dos dois quer. [...] Eu não tenho nem o direito de ter relação estremecida com o presidente da Câmara porque ele é um Poder institucional. O Brasil depende da boa condução dos trabalhos dele. Eu sou ministro, não tenho mandato”.