BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (28/8) que a megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvendo o setor de combustíveis conseguiu atingir “o andar de cima” do crime organizado no Brasil.
A ação, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Receita Federal, Ministério da Justiça, Ministério da Fazenda, Ministério Público e órgãos estaduais, ocorreu em dez estados e mirou uma rede bilionária de lavagem de dinheiro e fraudes no setor de combustíveis.
No total, foram expedidos 14 mandados de prisão, dos quais apenas seis foram cumpridos até o momento, levantando suspeitas de vazamento de informações.
Além disso, houve 43 mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens e valores que ultrapassam R$ 2,2 bilhões e sequestro de 21 fundos de investimento com patrimônio de cerca de R$ 30 bilhões.
Para Fernando Haddad, a principal vitória foi atingir a elite financeira das facções. “Não basta prender; é preciso secar as fontes de recursos. Esse é o caminho para impedir que o crime continue se reproduzindo”, afirmou.
De acordo com o ministro da Fazenda, apenas nos últimos quatro anos R$ 52 bilhões transitaram por fintechs ligadas ao crime. Ele anunciou que, a partir desta sexta-feira (29/8), essas empresas passarão a ser enquadradas como instituições financeiras, sujeitas às mesmas regras dos grandes bancos.
Lewandowski diz que mega operação é histórica
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, destacou que a operação é um marco na integração de forças contra o crime.
“Estamos observando uma migração da ilegalidade para a legalidade, fenômeno que ocorre em vários países. Contra o crime organizado, é preciso dar uma resposta organizada”, disse.
As investigações também identificaram fraudes fiscais e ambientais, adulteração de combustíveis, depósitos fracionados em espécie de até R$ 594 milhões, simulações de compra e venda de ativos e manipulação de notas fiscais. Pelo menos mil postos de combustíveis e mil caminhões foram identificados como parte da rede.
O balanço inclui o bloqueio de bens de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, sequestro de 192 imóveis, 141 veículos, duas embarcações e congelamento de contas vinculadas às empresas investigadas.