A corrida pelo governo de Minas Gerais em 2026 tem, a pouco mais de um ano e um mês para a eleição, dois pré-candidatos da direita pressionados pelo resultado de uma pesquisa de intenções de voto divulgada na semana passada. Os números da Genial/Quaest em cenário estimulado  confirmam um quadro já sinalizado em outros levantamentos e apontam a consolidação do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) como o atual favorito, deixando-o com pouca margem para uma eventual desistência da disputa. Ele teve 28% da preferência do eleitorado.

Por outro lado, a performance do parlamentar ameaça comprometer os planos do vice-governador Mateus Simões (Novo). Na lanterna da pesquisa, o principal auxiliar de Romeu Zema (Novo) é pressionado porque, depois de pelo menos dois anos de intensas viagens ao interior de Minas, ainda não conseguiu viabilizar seu nome para o ano que vem. O resultado pouco expressivo ocorre apesar de ele ter sido o primeiro a se colocar como pré-candidato. 

Outra pesquisa, divulgada em 18/8 pelo Instituto Real Time Big Data, já mostrava Cleitinho à frente, com 42% das intenções de voto, contra 8% de Simões. Nesse caso, porém, além dos dois postulantes, o levantamento testou apenas o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD), enquanto o da Genial Quaest acrescentou à lista o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (sem partido). 

Em entrevista a O TEMPO, Simões negou se sentir pressionado pelos últimos levantamentos eleitorais, disse estar “focado na gestão” do estado e desconversou ao ser questionado se a performance de Cleitinho compromete de alguma maneira a pré-candidatura dele. “A maioria esmagadora das pessoas ainda não estão olhando para o processo eleitoral, mas estarão no ano que vem, buscando saber quem é o ‘candidato do Zema’ e quem tem trabalho entregue”, declarou. 

Na semana passada, porém, uma declaração dele em Juiz de Fora (Zona da Mata) foi interpretada como uma “alfinetada” em Cleitinho. “Hoje, a gente separa o político entre aquele que grava vídeo sobre o problema e não faz nada para resolver e aquele que resolve o problema. Eu estou do lado dos que resolvem”, afirmou, ao comentar o resultado da pesquisa Genial/Quaest.

O senador Cleitinho, por sua vez, diz que só vai sentir pressão “se ela vier do povo” e evita cravar participação no pleito, embora o presidente estadual do Republicanos, Euclydes Pettersen, já o coloque como pré-candidato ao governo em 2026. Sobre Simões, o parlamentar diz não acreditar que o vice-governador esteja incomodado com sua performance. “Eu acho que (a pesquisa) não incomoda ninguém, não. E nem acho que (a fala em Juiz de Fora) foi indireta para mim. Se ele está é querendo compor comigo, não vejo por que ia mandar indiretas”, disse Cleitinho, ao citar uma entrevista a O TEMPO, em abril, em que Simões defendeu a união com o senador.

Na avaliação do cientista político e professor da Universidade Federal de Uberlândia Moacir de Freitas, os resultados têm, sim, peso para ambos. “No caso de Simões, os dados mostram que, mesmo estando todo este tempo como vice-governador, ele ainda não demonstrou ter capacidade eleitoral, algo que só se adquire na disputa, no dia a dia da eleição, experiência que ele ainda não teve e que fará falta ano que vem, caso ele consiga sustentar sua candidatura”, aponta. 

“Já para Cleitinho, é sempre bom aparecer em primeiro em um cenário complexo como as eleições mineiras, aumenta o capital político. Porém, a eleição de governador não combina com o estilo de candidatura que o consagrou. E pode não ser confortável para ele entrar em uma disputa na qual será exigido um nível e estilo diferentes do que ele se sente mais à vontade”, analisa o especialista. 

Queda de Zema também influencia

Outro ponto que coloca pressão sobre o vice-governador e pré-candidato ao Executivo mineiro, Mateus Simões (Novo), são os dados sobre a avaliação do governo Romeu Zema (Novo) revelados pela pesquisa Genial/Quaest, analisa Lucas Gelape, professor do Departamento de Ciência Política da UFMG. O levantamento mostrou que o índice de aprovação da gestão estadual caiu 7 pontos percentuais, ao passar de 62%, em fevereiro, para 55%, em agosto. Por outro lado, a desaprovação subiu de 30% para 35% no mesmo período. 

“Simões só ter 4% de intenção de votos em agosto de 2025 não é necessariamente um impeditivo à sua candidatura. Claro, significa um desafio relevante, mas ele ainda tem um ano para ser mais conhecido. Mas, quando Romeu Zema, que é seu principal padrinho político, apresenta um desgaste cada vez maior, isso, sim, vai criando uma dificuldade para o vice-governador. Isso porque ele conta com o fato de estar à frente do governo do estado para conseguir crescer, especialmente quando temos o senador Cleitinho como a outra grande opção à direita”, avalia Gelape. 

O cientista político Moacir de Freitas pondera também que a corrida pelo governo ainda sofrerá interferência de outros fatores, como o cenário eleitoral em nível nacional e os apoios que virão. “Mas pesquisas são um retrato de um momento específico da disputa. Nesse sentido, o levantamento não é conclusivo, e muita água ainda vai passar por baixo da ponte”, conclui.