Mais um integrante da cúpula do governo de Jair Bolsonaro (PL), fez uma declaração com viés golpista. Dessa vez foi o general Walter Braga Netto (PL), pré-candidato a vice na chapa pela reeleição do capitão do Exército.
Braga Netto afirmou em um encontro com empresários da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) que, se não for feita a auditoria dos votos defendida pelo presidente, “não tem eleição” este ano.
Braga Netto fez a declaração na última sexta-feira (24), dois dias antes de ele ser oficializado como vice. E causou constrangimento na plateia de 40 empresários selecionados pela Firjan para um discreto encontro dedicado oficialmente à apresentação de pleitos do Rio ao "assessor especial da presidência da República".
A informação é da colunista Malu Gaspar e foi publicada no jornal O Globo, nesta sexta-feira (1º).
“Longe da imprensa e frente a uma audiência em tese simpática, Braga Netto se soltou e repetiu a narrativa infundada de Bolsonaro sobre a segurança da urna eletrônica – ao contrário do que diz o presidente, os votos no Brasil são auditáveis”, escreveu Malu Gaspar.
À equipe da coluna, a assessoria de imprensa de Braga Netto afirmou que não houve ameaças, que sua fala foi tirada de contexto e mal interpretada pelas fontes.
“Mas, segundo relatos colhidos pela equipe da coluna, a sala foi tomada por um incômodo silêncio após a declaração”, ressalta Gaspar.
O militar da reserva, que foi exonerado nesta sexta do governo para disputar as eleições, estava acompanhado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, também general e pré-candidato a deputado federal pelo PL.
A reportagem do Globo lembra que Braga Netto recebeu de estrategistas de Bolsonaro a missão de ajudar na arrecadação de recursos para a campanha. A previsão da cúpula é que ele se dedique a viajar pelos estados onde estão os principais doadores.
Flávio Bolsonaro disse ser difícil controlar a reação de apoiadores em caso de derrota
Na quinta-feira (30), em entrevista ao Estado de S. Paulo, o senador Flávio Bolsonaro se recusou a dizer se o pai aceitará o resultado. E afirmou que é impossível controlar a reação de apoiadores em caso de derrota nas urnas.
Ele citou a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota de Donald Trump, aliado dos Bolsonaros. Apesar de investigações mostrarem o contrário, inclusive com vídeos e áudios do ex-presidente americano incitando os apoiadores, Flávio disse que Trump não teve culpa nenhuma pelo ato, que acarretou em mortes.
O próprio Jair Bolsonaro se recusou várias vezes a dizer se aceitará o resultado das urnas no Brasil. Aliás, ele vive atacando publicamente o sistema eleitoral brasileiro, colocando em dúvidas a segurança das urnas eletrônicas, afirmando ter havido fraude em 2018, sem nunca ter apresentado qualquer prova.
Vários integrantes e ex-integrantes do governo Bolsonaro, além de apoiadores do presidente e parlamentares bolsonaristas respondem ação no Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques às instituições democráticas e incitação á violência conra integrantes da Corte.
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