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Combustíveis: Bolsonaro diz que “paciência do povo se esgotou”

O presidente da República, que vinha culpando os governadores pelos preços altos, também associou os valores dos combustíveis à falta de refinarias no país

Por Renato Alves
Publicado em 25 de outubro de 2021 | 12:08
 
 
 
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Enquanto a Petrobras anunciava mais um aumento de preços da gasolina e do diesel, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (25) que “paciência do povo se esgotou” em relação aos valores dos combustíveis. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Caçula FM, de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.

“São problemas que não se resolvem em três anos (tempo do governo dele). Agora, o povo está com a paciência lá embaixo, a paciência dele praticamente se esgotou e vai para as críticas, das mais absurdas possíveis. Lamento, peço a Deus que preservemos nosso maior bem, que ainda é a liberdade”, afirmou Bolsonaro, que governa o país desde 1° de janeiro de 2019.

Ele, que vinha culpando os governadores, também associou a alta nos combustíveis à falta de refinarias no país. 

“Já vendemos duas refinarias, são 13, se não me engano, pretendemos vender mais, mas vender com responsabilidade. O que a gente precisa aqui? Fazer uma refinaria no Brasil, e nós não temos dinheiro para tal, se nós tivermos um preço desajustado com o lá de fora, o capital externo ou interno não vai querer fazer refinaria no Brasil”, afirmou Bolsonaro

O presidente voltou a comentar a possibilidade de a Petrobras ser privatizada. Segundo ele, a medida está no “radar” do governo. No entanto, Bolsonaro admitiu que o processo é “complicado”.

“Eu não tenho problema nenhum em receber críticas, agora eu peço, por favor, criticar com razão. Quando se fala em privatizar a Petrobras, isso entrou no nosso radar, mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, pegar a empresa e botar na prateleira e, amanhã, quem der mais leva embora, é uma complicação enorme, ainda mais quando se fala em combustível.”

Litro da gasolina nos postos vai aumentar R$ 0,15

Também na manhã desta segunda-feira, a Petrobras comunicou o aumento dos valores da gasolina e do diesel para distribuidoras. Segundo comunicado divulgado pela estatal, os novos preços passam a vigorar a partir de terça (26).

Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro (alta de 7,04%). 

Nas bombas dos postos, essa mudança deve impactar em uma alta R$ 0,15 por litro, segundo a petroleira. O cálculo considera a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos.

Este é o segundo reajuste no preço do combustível este mês. No último dia 9, a gasolina já havia subido 7,2%.

Já o litro do diesel passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,28 por litro (alta de 9,15%). Nas bombas, essa variação deve refletir numa alta de R$ 0,24 por litro.

O cálculo leva em conta a mistura obrigatória de 12% de biodiesel e 88% de diesel para a composição do diesel oferecido nos postos.

No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias, enquanto a a gasolina subiu 73,4% no mesmo período.

Bolsonaro adiantou aumento e falou em privatizar Petrobras

Os reajustes haviam sido adiantados por Jair Bolsonaro no último domingo (24).

Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro disse ainda que o governo federal não vai interferir na execução da atual política de preços da Petrobras e de nenhum outro setor.

No entanto, o presidente confirmou que tem conversado com Guedes sobre o futuro da empresa energética, não descartando, inclusive, a opção de privatização – hipótese que admitiu ser “complicada.”

O anúncio do presidente ocorreu após a greve dos tanqueiros ocorrida em Minas Gerais e em mais cinco estados. Iniciada na madrugada da última quinta-feira (21), o movimento foi motivado pela alta do preço dos combustíveis, incluindo o diesel, assim como o baixo preço do frete. Há críticas à política estadual e também de preços da Petrobras.

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um dos que incidem sobre o preço dos combustíveis em todos os Estados e é de responsabilidade dos governos estaduais.

Zema congela ICMS de combustíveis em Minas Gerais

Em resposta à ao caminhoneiros, nesta segunda-feira, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), informou, em seu perfil no Twitter, que o Estado vai congelar o valor do ICMS do diesel.

"Considerando que o aumento do valor do combustível, decorrente dos reajustes constantes da Petrobras, tem consequências diretas no custo de vida dos mineiros, o Governo de Minas vai congelar o ICMS do diesel no Estado a partir desta segunda-feira", publicou Zema.

Defasados, preços devem subir mais em breve

Mesmo com o aumento desta segunda-feira, vale dizer que ainda existe uma defasagem dos preços no Brasil em relação ao mercado externo.

Até a manhã desta segunda, essa defasagem chegava a 21% no caso da gasolina e de 19% no caso do diesel, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Significa que, além desses reajustes, o mercado ainda pode ter novas altas. Há ainda a perspectiva de que o petróleo continue se valorizando, já que os maiores produtores da commoditie têm dado sinalizações de que não vão aumentar a oferta no mercado global.

Bolsonaro volta a criticar política de preços da Petrobras

Já nesta quarta-feira (27), Bolsonaro voltou a disparar duras críticas contra a política de preços da Petrobras e afirmou que ela hoje trabalha apenas para acionistas e que é uma estatal que só dá dor de cabeça.

No entanto, afirmou que, por razões legais, não pode interferir nos valores dos combustíveis, como gasolina e diesel. Em entrevista à "Jovem Pan News", ele afirmou também que é necessário quebrar o monopólio da companhia e 'colocar no radar' a privatização.

"Alguns acham que a culpa é minha. Eu posso interferir na Petrobras? Eu vou responder processo. O presidente da Petrobras vai acabar sendo preso. É uma estatal que, com todo respeito, só me dá dor de cabeça. Nós vamos partir para uma maneira de nós quebrarmos mais monopólios. Quem sabe até botar no radar da privatização. É isso que nós queremos", disse Bolsonaro. 

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