O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne, nesta quinta-feira (29), com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali. O petista cumpre seu segundo dia de missão oficial em Georgetown, capital da Guiana. Na última quarta-feira (28), o presidente participou da 46ª Conferência de Chefes de Estado da Caricom (Comunidade do Caribe).
No encontro com Irfaan Ali, Lula deve tratar sobre a crise em Essequibo, um território vizinho do Brasil que é rico em petróleo e está em disputa entre Guiana e Venezuela. O Ministério de Relações Exteriores já sinalizou que o presidente deve enfatizar a neutralidade do governo brasileiro na questão e a busca por uma solução negociada.
Em dezembro, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, assinaram declaração conjunta em que os dois países se comprometem a não usar a força um contra o outro na disputa pelo território. Os três presidentes estarão juntos na próxima sexta-feira (1º), em São Vicente e Granadinas, onde acontecerá a 8ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Nesse mesmo dia, Lula também deve ter uma reunião bilateral com Maduro. Os dois são próximos e, na oportunidade, o presidente deve abordar outra crise pela qual passa a Venezuela, em relação à transparência das eleições. O intuito é reforçar a importância de se cumprir nas eleições deste ano com o Acordo de Barbados.
O Brasil juntamente com os governos de São Vicente e Granadinas têm atuado como principais interlocutores na busca de uma solução pacífica para a crise que teve início em dezembro do ano passado. Na época, Maduro anunciou a incorporação de Essequibo, região disputada pelas duas nações há mais de um século, que perfaz quase 75% do território da Guiana.
O líder do regime venezualeno fez um plebiscito em seu país para respaldar o seu plano e mandou explorar os recursos naturais na região, para a qual nomeou um governador militar. O governo brasileiro chegou a reforçar a presença das tropas militares em Roraima, que faz fronteira com os dois países, e, desde então, vem defendendo a resolução da controvérsia entre os dois países por meio de um diálogo mediado.
O Brasil é o único país que faz fronteira simultânea com Guiana e Venezuela, e um eventual conflito militar poderia ameaçar parte do território brasileiro em Roraima. Sem o respaldo do Brasil e de outras nações, Maduro não mandou tropas para Essequibo nem um governador. Tampouco alguma empresa de seu país passou a explorar as riquezas do vizinho.