BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou nesta quarta-feira (20/8) para o presidente da França, Emmanuel Macron. Em quase uma hora de ligação, eles trataram de temas como as tarifas impostas pelos EUA aos produtos brasileiros, o acordo entre Mercosul e União Europeia e o conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na conversa, Lula criticou o “uso político de tarifas comerciais contra o Brasil” e relatou a Macron ações do governo brasileiro para mitigar os efeitos do tarifaço, como o plano de socorro às empresas de setores afetados, o recurso apresentado à Organização Mundial do Comércio (OMC) e a resposta formal do Brasil à investigação do governo americano sobre o Pix.
Os dois líderes também trataram do avanço de acordos comerciais, como o do Mercosul com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) e a prioridade que o governo brasileiro tem dado a mercados asiáticos, como Japão, Vietnã e Indonésia.
“Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do Acordo MERCOSUL-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco”, completou o Planalto.
Negociado há mais de duas décadas, o acordo Mercosul-UE está em fase final de tratativas. O principal obstáculo são pressões do agronegócio francês, que teme perder espaço com a maior penetração de produtos brasileiros no mercado europeu. Em mais de uma ocasião, Lula já pediu publicamente para Macron “abrir o coração” para as negociações.
Guerra na Ucrânia
Lula e Macron também trocaram impressões sobre as negociações de paz na Ucrânia. Na última segunda-feira (18/8), o presidente francês e outros chefes de Estado europeus foram à Casa Branca para tratar do assunto com Donald Trump, assim como o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Segundo o Planalto, Macron elogiou o papel do “Grupo de Amigos da Paz”, criado por Brasil e China para buscar negociações sobre o conflito. Ao mesmo tempo, Lula criticou o aumento dos gastos militares no mundo “enquanto cerca de 700 milhões de pessoas ainda passam fome” e citou a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU. O petista defendeu, ainda, a reforma das instituições globais para ampliar a representatividade.
Meio Ambiente
Na conversa, Emmanuel Macron confirmou presença na COP30, que acontece em Belém (PA), no mês de novembro. Lula disse ao presidente francês que a COP-30 “será a COP da verdade, em que ficará claro quais países acreditam na ciência”, e destacou as metas de redução de carbono (NDCs) apresentadas pelo Brasil.
“O presidente Lula destacou a ambição das metas nacionalmente determinadas apresentadas pelo Brasil e realçou a importância de que a União Europeia e seus membros apresentem metas à altura do desafio que o planeta enfrenta”, diz o Planalto.
Conversas com chefes de Estado
Nas últimas semanas, Lula tem tido diversas conversas com líderes internacionais para tratar do tarifaço de Trump, em busca de ampliar parceiros comerciais, e de outros temas da agenda global. Na última segunda-feira, ele recebeu uma ligação do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Lula também conversou, recentemente, com outros chefes de Estado afetados pelo tarifaço, como a presidente do México, Cláudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que também foi alvo de uma tarifa de 50%.